Padre Almir Ramos: drogas estimulantes da atividade mental

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Esse artigo faz parte de uma série, com um novo texto tratando da temática das drogas publicado a cada 15 dias no site da Pastoral Carcerária. Para ler o primeiro texto, clique aqui. Para ler sobre as drogas depressoras da atividade mental, clique aqui
As drogas estimulantes da atividade mental são as capazes de aumentar a atividade de determinados sistemas neuronais, o que traz, como consequências: estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos.
Tabaco
É um dos maiores problemas de saúde pública em diversos países e uma das grandes causas, potencialmente evitáveis, de doenças e mortes.
O consumo de tabaco pode causar doenças cardiovasculares (infarto, AVC e morte súbita), doenças respiratórias (enfisema, asma, bronquite crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica) e diversas formas de câncer (pulmão, boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga e útero).
Nas mulheres, O uso do tabaco também podem causar redução da fertilidade, prejuízo do desenvolvimento fetal, aumento do risco de gravidez ectópica e abortamento espontâneo.
As ações psíquicas da nicotina no organismo são complexas, com uma mistura de efeitos estimulantes e depressores, como o aumento da concentração e da atenção e a redução do apetite e da ansiedade.
A nicotina induz tolerância e se associa à síndrome de abstinência com alterações do sono, irritabilidade, diminuição da concentração e ansiedade.
Cafeína
É um estimulante do Sistema Nervoso Central menos potente que a cocaína e as anfetaminas. Seu potencial de induzir dependência vem sendo bastante discutido nos últimos anos.
Criou-se até o termo “cafeinismo” para designar a síndrome clínica associada ao consumo significativo (agudo ou crônico) de cafeína, caracterizada por ansiedade, alterações psicomotoras, distúrbios do sono e alterações do humor.
Anfetaminas
São substâncias sintéticas, ou seja, produzidas em laboratório. Existem várias substâncias sintéticas que pertencem a esse grupo.
São exemplos de drogas “anfetamínicas”: o femproporex (Desobesi – M), o metilfenidato (Ritalina), o mazindol (Dasten; Absten; Moderamin) a metanfetamina (Pervitin, retirado do mercado) e a dietilpropiona ou anfepramona (Dualid, Inibex, Hipofagin).
Seu mecanismo de ação é aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação de dois neurotransmissores utilizados no cérebro: a dopamina e a noradrenalida.
Dopamina
É um medidor químico presente nas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro. Importa destacar que sua ausência provoca o mal de Parkinson.
Noradrenalina
Medidor químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das capsulas suprarrenais, também é vasoconstritor visceral e renal.
Seus efeitos incluem a diminuição do sono e do apetite, sensação de maior energia e menor fadiga, mesmo quando são realizados esforços excessivos, o que pode ser prejudicial, fala acelerada, dilatação das pupilas, taquicardia e elevação da pressão arterial.
Com doses tóxicas acentuam-se esses efeitos. A pessoa tende a ficar mais irritável e agressiva, podendo considerar-se vítima de perseguição inexistente (delírios persecutórios), assim como ter alucinações e convulsões.
O consumo dessas drogas induz tolerância. São frequentes os relatos de sintomas depressivos, como falta de energia, desânimo e perda de motivação, que, por vezes, são bastante intensos quando tal uso é interrompido. São usados clinicamente como moderadores do apetite (remédios para emagrecimento).
Cocaína
É uma substância extraída de uma planta nativa da América do Sul, popularmente conhecida como coca (Erythoxylon coca).
Pode ser consumida na forma de pó (cloridrato de cocaína), que é aspirado ou dissolvido em água e injetado na corrente sanguínea ou na forma de uma base, denominada crack, que é fumada.
Existe ainda a pasta de coca, conhecida como merla, um produto menos purificado, que também pode ser fumado.
Seu mecanismo de ação no Sistema Nervoso Central é muito semelhante ao das anfetaminas, mas a cocaína atua ainda sobre um terceiro neurotransmissor, a serotonina, além de atuar na noradrenalina e na dopamina.
A cocaína apresenta, também, propriedades de anestésico local que independem de sua atuação no cérebro. Essa era uma das indicações de uso médico da substância, hoje abandonada.
Seus efeitos têm início rápido e duração breve. São no entanto, mais intensos e fugazes quando a via de utilização é a intravenosa ou quando o indivíduo usa o crack.
Os efeitos do uso da cocaína são: sensação de intensa euforia e poder, estado de excitação, hiperatividade, insônia, falta de apetite, perda da sensação de cansaço.
Apesar de não serem descritas tolerância nem síndrome de abstinência inequívoca, é comum observar aumento progressivo das doses consumidas no caso do crack, em particular, as pessoas desenvolvem dependência severa rapidamente em poucos meses ou mesmo em algumas semanas de uso.
Com doses maiores, observam-se outros efeitos, como irritabilidade, agressividade e até delírios e alucinações, que caracterizam um verdadeiro estado psicótico, a psicose cocaínica. Podem, também, ser observados aumento da temperatura e convulsões, frequentemente de difícil tratamento, sintomas que, se prolongados, podem levar à morte. Ocorrem, ainda, dilatação das pupilas, elevação da pressão arterial e taquicardia.
Mais recentemente e com frequência cada vez maior, têm sido verificadas alterações persistentes na circulação cerebral em indivíduos dependentes de cocaína. Existem evidencias de que o uso dessa droga seja um fator de risco para o desenvolvimento de infarto do miocárdio e AVE em pessoas relativamente jovens. Um processo de degeneração irreversível da musculatura (rabdomiólise) em usuários crônicos também já foi descrito.
Todo o texto aqui apresentado tem como referência o Manual do Curso de Extensão Universitária Prevenção do uso de drogas – Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias – 5ª Edição, de autoria de Sérgio Nicastri e também o manual de Capacitação em Atenção à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade, da Universidade Federal de Santa Catarina.
 

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