Começa na Quarta-feira de Cinzas, dia 5, a Campanha da Fraternidade 2014, que tratará do tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, com o lema “É para liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Diversos organismos e pastorais da Igreja Católica no Brasil estão envolvidos com a Campanha, entre as quais a Pastoral Carcerária.
Em fevereiro, Heidi Ann Cerneka, da coordenação nacional da Pastoral Carcerária para a questão da mulher presa, participou de um encontro de formação sobre a temática da CF-2014, na Região Episcopal Brasilândia, da Arquidiocese de São Paulo.
Heidi relatou casos de mulheres que foram presas por terem sido enganadas pelos aliciadores. Em entrevista à Pascom Brasilândia, comentou que os agentes da PCr tem tomado ciência de muitos casos nas visitas que realizam nas prisões, e que, por várias vezes, as detentas foram envolvidas pelas redes de tráfico, “não são pessoas criminosas, foram enganadas, pressionadas, ameaçadas, aliciadas”.
A integrante da coordenação nacional da PCr afirmou que os aliciadores estão atentos às mulheres mais vulneráveis. “Pode ser uma vulnerabilidade econômica, muitas vezes as mulheres têm filhos para criar; pode ser uma vulnerabilidade afetiva, muitas estão presas após ser aliciadas de maneira afetiva: o homem começa a cativar essa mulher, ela acredita, acha que ele talvez seja uma pessoa legal e cai na armadilha”, explicou.
Heidi enfatizou, ainda, que o tráfico humano não deve ser visto como uma coisa exótica e distante da realidade. “As vitimas são pessoas perto de nós, meninas que alguém falou que eram bonitas, que vai ter concurso de beleza para ser modelo, que vão ganhar muito dinheiro. Infelizmente, os traficantes de pessoas, de armas, de drogas, de órgãos são muito espertos, enxergam quem parece vulnerável, sabem como falar para essa pessoa”.
Por fim, Heidi lembrou que a responsabilidade de combate ao tráfico humano é de todas as pessoas, que devem estar atentas aos indícios de ocorrência de tráfico, de modo especial os cristãos. “Nós, como cidadãos e enquanto membros da Igreja, devemos ficar sempre atentos. Quando a gente fala que o próximo é meu irmão ou minha irmã, a gente tem que falar isso para valer. Não devemos pensar, ‘ah, graças a Deus que isso não aconteceu na minha casa’. A gente tem que saber que aquela pessoa precisa de nós”.
(colaborou Renata Moraes/Pascom Brasilândia)