A ONG Ação Educativa realiza em 17 de novembro, das 15h às 17h, uma roda de conversa com o belga Marc De Maeyer, especialista mundial em educação nas prisões.
De Maeyer já visitou mais de cem presídios em 80 países, atuou como especialista do Instituto da Unesco para Educação ao longo da vida de Hamburgo, e como consultor técnico da Cátedra Unesco em Pesquisa Aplicada para Educação em Contextos Prisionais, no Canadá.
Segundo os organizadores da atividade, a proposta é ouvir De Maeyer sobre a educação nas prisões, tendo em vista o contexto internacional e a realidade dos cárceres no Brasil.
Os interessados em participar devem entrar em contato com Cláudia Bandeira, assessora da Unidade Diversidade, Raça e Participação da Ação Educativa, através do telefone (11) 3151-2333 – ramal 139. A Ação Educativa está localizada na Rua General Jardim, 660, na Vila Buarque, em São Paulo (SP).
Marc De Maeyer: ‘A prisão é um fracasso’
Algumas das ideias de Marc De Maeyer foram apresentadas na entrevista que concedeu à jornalista Regina Scomparin, da revista AlfaSol.
Segundo o belga, “a prisão é um fracasso”. E ele detalha: “Não um fracasso unicamente para os indivíduos, mas também para a sociedade, que não imagina outra coisa, a não ser o encarceramento, para punir uma pessoa delinquente. Isso acontece porque a sociedade se sente segura com a prisão dos indivíduos considerados perigosos. Ao mesmo tempo, são somente os pobres que estão presos, não pelo fato de serem mais perigosos, mas porque a prisão é uma consequência da pobreza, da ausência de recursos e de educação. E cabe ao Estado combinar os anseios da opinião pública com o fato de a educação ser, em nome da democracia, um direito de todas as pessoas”.
De Maeyer também apontou que é preciso educar não só os presos, mas também seus familiares e os agentes penitenciários. “Em algumas prisões, há somente cinco classes para mil presos. É muito pouco. Por conta disso, a educação na cadeia é apenas para uma elite ou para os que têm grande motivação. É preciso ainda motivar aquele que teve uma história negativa de escolarização. Creio que todo trabalho consiste em definir um processo que motive os presos a se educarem, para que possam definir sua própria demanda por educação. É um processo difícil para quem está fora da cadeia e ainda mais difícil na prisão”.
Ainda na avaliação de De Maeyerm, os projetos de educação nas prisões com maior sucesso são os que se referem à educação não formal, envolvendo teatro, cinema ou pintura. “O processo de dedicação ao projeto é mais importante do que o resultado final, assim como a consciência do que está sendo realizado é mais importante que a avaliação de um educador. Os principais problemas são a falta de continuidade de estudo, ausência de lugares e falta de recursos, bem como as constantes transferências dos presos que interferem tanto na continuidade como na perda da motivação para estudar”.