25 Anos de Saudade: Homenagem ao Padre Roberto Francisco Reardon: Voz Profética da Pastoral Carcerária

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25 anos da morte do padre oblato Roberto Francisco Reardon, cidade de São Paulo, O.M.I., coordenador e ativo membro da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de São Paulo. Presença ativa nos presídios paulistas, e voz profética quando do massacre do Carandiru em 1992. Nascido nos Estados Unidos, em 26/08/1940. Naturalizado brasileiro. Padre dos missionários Oblatos de Maria Imaculada (OMI), ordenado em 31/05/1968. Ingressou na Pastoral Carcerária de São Paulo em 1985, como capelão voluntário da Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru.

O sacerdote, à época, atuava em paróquias da região Noroeste da capital paulista e tinha ciência que as precariedades sociais daquela localidade periférica eram a razão para muitas pessoas, especialmente as mais jovens, ingressarem na criminalidade. Naquele mesmo ano, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, decidiu institucionalizar as ações da Pastoral Carcerária na Arquidiocese. Até então, o agir misericordioso de visita e assistência religiosa aos presos era realizado, desde 1960, nos três maiores presídios da zona norte da capital – Carandiru, Penitenciária Feminina da Capital e a atual Penitenciária Feminina de Sant´Ana, mas sem uma metodologia definida.

O primeiro coordenador arquidiocesano da Pastoral foi o Padre Antonio Macedo da Silva, que seria substituído em 1988 pelo Padre Chico. O religioso norte-americano foi o grande responsável por organizar os trabalhos da Pastoral Carcerária nas prisões, Padre Chico deu início à prática de reuniões mensais com todos os voluntários da Pastoral para avaliar as atividades realizadas e foi pioneiro na elaboração de materiais formativos para novos agentes da PCr. Se preocupou também em ampliar a quantidade de visitas às unidades prisionais e às casas dos familiares dos presos, conforme aumentava o número de voluntários da Pastoral na Arquidiocese de São Paulo.

Padre Chico sabia, porém, que apenas prestar assistência religiosa aos encarcerados não resolveria as mazelas das prisões brasileiras. Era preciso atuar de forma mais incisiva na garantia dos direitos individuais dos presos e discutir a realidade carcerária no país. Nesse sentido, a partir de então, a Pastoral ampliou o contato com juristas para denunciar as precárias condições de sobrevivência no ambiente prisional.

Essa estrutura organizada pelo Padre Chico em São Paulo espalhou-se por outras partes do Brasil e da América Latina e o religioso tornou-se uma pessoa de referência para a discussão das mazelas dos cárceres, integrando diversos grupos. Foi membro da subcomissão do Sistema Prisional da Seccional São Paulo da OAB (1988-1997); secretário executivo da coordenação nacional Pastoral Carcerária (1989-1996); membro da Associação Internacional de Atendimento Pastoral Católica em Prisões (1990-1999); membro da American Correctional Association (1991-1999); secretário geral do Movimento Nacional de Direitos Humanos – Programa Justiça e Segurança Pública (1994-1995); integrante da subcomissão do Sistema Prisional da Comissão Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (1995); membro da Penal Reform International (1997-1999); coordenador nacional da Pastoral Carcerária (1996-1999); e vice-coordenador para a América Latina da Pastoral Carcerária (1998-1999).

Tamanha dedicação à questão carcerária fez com que Padre Chico e todos os agentes da Pastoral Carcerária fossem reconhecidos. Em 1992, o Sacerdote ganhou menção honrosa no Prêmio “Franz Holzwarth de Castro” de Direitos Humanos, concedido pela OAB/SP; e em 1998, a Pastoral recebeu o Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Em 19 de novembro de 1999, vítima de um infarto, Padre Chico faleceu em São Paulo, deixando um legado na luta pelos direitos humanos na América Latina e uma sólida base de estruturação para os trabalhos da Pastoral Carcerária que seguem até hoje.

Na foto recebendo uma comenda da Assembleia Legislativa. Padre Chico no centro da foto.

Texto: Fernando Altemeyer

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