Vozes do cárcere: “O círculo de paz e a Pastoral Carcerária foram essenciais para mim”

 Em Justiça Restaurativa, Notícias

A Justiça Restaurativa tem despertado grande interesse como alternativa ao punitivismo. É uma abordagem que não foca na punição, e sim na reparação dos infratores. 

Os círculos de paz promovem um espaço seguro onde os irmãos e irmãs encarcerados se reúnem para dialogar, escutar e compartilhar experiências através do respeito, empatia e escuta ativa.

Maura Borges teve seu primeiro contato com a JR, o círculo de paz e com a Pastoral Carcerária durante o tempo em que esteve privada de liberdade.

“Eu achei muito interessante o trabalho, a maioria das pessoas tem muito preconceito e fiquei impressionada com a preocupação e o diálogo que tínhamos nos círculos”.

As conversas têm em foco questões familiares, os planos para retomar a vida em sociedade, o ato de perdoar a si mesma primeiro e depois perdoar quem te fez mal, além de colocar as mulheres que participam como protagonistas das próprias histórias.

“O que mais me marcou foi a questão familiar. A gente sente muita falta e saudade da família e dentro do cárcere você passa a refletir sobre a sua vida, os erros que você cometeu, as escolhas que você fez e as consequências”. 

Maura conta que começou a perceber mudanças conforme participava do círculo e notava as mulheres contando suas histórias, dialogando e dando suas opiniões sobre os temas, com isso notou que era possível mudar e que não existia apenas o caminho do crime. 

“O círculo foi mostrando que eu podia ser uma mulher diferente, sair do cárcere e ter uma vida nova, não era preciso voltar à vida que me levou àquele lugar. Quando chegamos no fundo do poço, notamos as oportunidades que foram desperdiçadas”.

Ela relata que a JR ajudou não só a tranquilizá-la enquanto estava privada de liberdade, mas também a enxergar novos horizontes quando já estava em sociedade. 

“O círculo de paz e a Pastoral Carcerária foram essenciais para mim. É um trabalho muito importante. Então se eu pudesse deixar uma palavra hoje, eu gostaria muito que todas as pessoas privadas de liberdade pudessem ter a oportunidade de participar dessas rodas da Justiça Restaurativa, porque foi muito importante mesmo para mim”.

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