O Centro Pastoral Diocesano Luiz Ório, na Diocese de Goiás (GO), acolheu, de 26 a 28 de setembro, a assembleia estadual da Pastoral Carcerária, com a participação de 42 pessoas, das dioceses de Uruaçu, São Luís de Montes Belos, Formosa e Goiás, e da Arquidiocese de Goiânia.
A proposta do encontro foi aprofundar a mística, os objetivos e a missão da Pastoral Carcerária. As atividades foram comandadas pela Irmã Liberata Magliocchetti, coordenadora estadual da Pastoral Carcerária, e pela Irmã Petra Silvia Pfaller, vice-coordenadora nacional da PCr.
A inspiração para o encontro, refletida junto aos participantes, foi um convite expresso pelo papa Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium: “Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-lo dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que ‘da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído’. Quem arrisca o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada” (EG 3).
Durante a assembleia, foi eleita a vice-coordenadora estadual da PCr: Rosângela Braga Jorge Sousa, da Diocese de Uruaçu, e foram aprofundadas diversas temáticas.
Padre Celso Leonel Carpenedo, da Diocese de Goiás, falou sobre a “Mística da PCr”. Ele recordou a Palavra de Deus – “Eles pediram apenas que nos lembrássemos dos pobres” (Gl 2,10) – e fez a seguinte pergunta aos participantes: “O que estou lucrando na PCr?”, respondendo na sequência: “Não que tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.” (Fl 3,12).
Irmã Petra Silvia Pfaller palestrou sobre o objetivo e a missão da PCr. Ela motivou o diálogo na assembleia sobre a necessidade de ter clareza a respeito da evangelização e da promoção da dignidade humana, e também sobre importância de ter consciência das práticas realizadas, já que evangelizar é escutar, defender, catequizar. Frisou, ainda, que para a PCr é fundamental, e que não basta trabalhar é preciso sentir-se parte de uma equipe.
Irmã Maria José Monteiro Oliveira conduziu a reflexão sobre “o aspecto jurídico do apenado/a e como a PCr atua”; e também sobre “Qual é meu compromisso de discípulo/a?”. Ela incentivou os agentes da Pastoral a conhecerem a lei e disse, ainda, que comunicar é direito e não regalia, e que o castigo coletivo é crime. Já Gilene Coelho Santos falou sobre “as deficiências no atendimento ao apenado/a na área da saúde e como a Pastoral Carcerária age”.
Rosivaldo Almeida, professor universitário de Goiás, que tem levando aos presos palestras e discussões sobre como reivindicar direitos fundamentais, destacou, citando o pedagogo Paulo Freire, que “a teoria tem que ser molhada na prática do viver”. “A este propósito, nos deparamos com preocupação sobre a atual situação dos presídios no Estado de Goiás, constatando demora nos processos, superlotação que gera violência denunciada mais uma vez há pouco tempo”, comentou irmã Liberata.
Sobre a realização da assembleia, irmã Liberata considerou que “o clima foi bem sereno, muita fluidez na comunicação, disponibilidade e gratuidade foram marcas que carimbaram o encontro todo, finalizado com a celebração eucarística, preparando o altar para ‘o corpo do Senhor’, corpo que ‘somos todos nós’. A celebração alimentou a coragem e a alegria de retornar e continuar a nossa caminhada. E como disse o papa Francisco, ‘o Deus que manifestou o seu amor imenso em Cristo morto e ressuscitado, Ele torna os seus fiéis sempre novos; ainda que sejam idosos, «renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer» (Is 40,31). Cristo é a «Boa Nova de valor eterno» (Ap 14,6), sendo «o mesmo ontem, hoje e pelos séculos» (Hb 13,8), mas a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem, e fonte de constante novidade. A Igreja não cessa de se maravilhar com a «profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência de Deus» (Rm 11,33) – (EG 11)”.
O próximo encontro estadual será eletivo e acontecerá em setembro de 2015, em data e local ainda a ser definidos.