Acontece nesta quarta-feira, 5 de junho, às 19h, um debate sobre “Mulheres e Drogas”. A promoção é do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC) e atividade será no Auditório da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), na rua Libero Badaró, 119, no centro de São Paulo.
Na atividade, o ITCC irá problematizar os desafios encontrados no projeto “Tecer Justiça”, realizado entre 2010 e 2011, em parceria com a Pastoral Carcerária, e com o apoio da Open Society Foundation.
A proposta unia o atendimento jurídico a pessoas presas provisoriamente com uma pesquisa sobre o perfil socioeconômico das pessoas atendidas. No projeto, foi possível sistematizar a relação entre mulheres, drogas e a prisão provisória.
O evento, que terá um café de acolhida a partir das 18h30, contará com a presença de Luciana Boiteux, pesquisadora do Grupo de Pesquisas em Política de Drogas e Direitos Humanos da UFRJ, e de Daniela Skromov, Defensora do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo.
Drogas e Mulheres
A “nova” Lei de Drogas, aprovada em 2006, e que teve como um de seus motes excluir a pena de prisão para o usuário de drogas, parece ter tido efeito contrário: em São Paulo, seis anos após a aprovação da Lei, o número de mulheres presas por crimes relacionados às drogas passou de 1.092 para 4.344 (DEPEN).
A pesquisa realizada pelo ITTC traz dados detalhados sobre essa realidade, tais como:
– 81% dos delitos femininos são crimes de ação sem violência (somando as categorias “crimes não violentos” (40%) e “tráfico” (41%)), enquanto 57% dos delitos masculinos eram crimes sem violência;
– 42,6% dos homens entrevistados afirmaram que já foram presos uma outra vez, enquanto somente 27,8% das mulheres disseram que já tiveram uma prisão anterior;
– 51,9% da população presa por tráfico de crack tinha 10 gramas ou menos da droga no momento da prisão;
– 61% de todos os casos pesquisados que envolviam tráfico de drogas eram com mulheres e quase 5% das mulheres entrevistadas foram presas em uma delegacia ou unidade prisional.
O evento, aberto a todos os interessados, pretende levar os participantes a algumas reflexões: O que leva uma mulher a se envolver com as drogas? Quem são estas mulheres? Qual a realidade que vivem? Por que muito mais mulheres estão sendo presas por tráfico? Qual a verdadeira diferença entre traficante e usuária?