Junto a integrantes da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Londrina e do coordenador arquidiocesano, padre Edivan Santos, a vice-coordenadora nacional da PCr, irmã Petra Silvia Pfaller, visitou presídios e distritos policiais da cidade, localizada no norte paranaense, entre 18 e 21 de março, e constatou a precariedade do sistema carcerário no estado.
“Os distritos estão um inferno. No 5º DP existem 24 vagas, mas se encontravam no dia na nossa visita 106 homens. Muitos presos doentes, com feridas na pele, sarna, furúnculos. Eles reclamaram da falta de água. Há imenso calor nas carceragens e falta atendimento de saúde. Além disso, os presos têm que dormir se revezando, pois não há chão disponível para todos”, relata irmã Petra.
No distrito feminino que visitou, a irmã também encontrou um cenário de superlotação: a capacidade é para 24 presas, mas há 76 encarceradas. “Não há berçário, mas existe uma cela separada para mulheres grávidas, que estava vazia no dia da minha visita. As mulheres me contaram quando alguém está grávida, a juíza determina prisão domiciliar ou envia para Curitiba, no presídio feminino”.
De acordo com a vice-coordenadora da PCr, a situação nos presídios que visitou é um pouco melhor que nos distritos, pois a superlotação tem sido controlada pelo Poder Judiciário. Além disso, nos presídios o banho de sol acontece a cada dois dias, enquanto que nos distritos se dá apenas uma vez por semana.
Irmã Petra lembrou que em um dos presídios que visitou, havia acontecido um dia antes uma revista violenta com a tropa de choque da PM e os presos apresentavam claros sinais de maus tratos. “Encontramos presos machucados no castigo que foram medicados e levados para o IML”, recordou.
A vice-coordenadora da PCr destacou ainda que outra situação preocupante é a falta de assistência jurídica aos presos, especialmente por conta de o Estado do Paraná ainda não ter defensoria pública. Não menos delicada é a situação de pessoas que estão presas em contêineres, onde, de acordo com os membros da PCr de Londrina, as condições dos cárceres são ainda piores.
Posturas da pastoral diante das constatações
De acordo com irmã Petra, a realidade vivenciada em Londrina será debatida nas próximas reuniões da coordenação nacional da Pastoral Carcerária.
Porém, ela adiantou que sem dúvida a PCr exigirá a instalação de defensoria pública no estado, uma vez que já foi realizado um concurso para tal, mas o governo paranaense alega não ter recursos para fazer as nomeações. Também serão feitas denúncias sobre os encarceramentos em contêineres, a superlotação nos distritos e a precariedade nos serviços de saúde e no banho de sol.
Repercussões
A visita da vice-coordenadora nacional da PCr mobilizou a imprensa de Londrina. Irmã Petra foi entrevistada pelas afiliadas das grandes redes de televisão e de rádio (Globo, Record, SBT e Rádio CBN) e por outros veículos locais.
Além da visita às unidades prisionais, irmã Petra participou de um encontro sobre a política carcerária na cidade, reuniu-se com agentes da pastoral e com dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina.
PASTORAL DEBATE PROBLEMAS CARCERÁRIOS EM LONDRINA