O Espírito Santo tem o cuidado de suscitar, dentro da humanidade, pessoas que sejam exemplos para nós. (…) O Pai viu que, entre todas as mulheres, nenhuma seria tão humilde, atingindo o máximo de glória: ser Mãe de Cristo, ser Mãe de Deus! (…) Ela viveu as maiores alegrias que uma criatura humana pode viver. Mas também, quem quiser, procure um tipo de sofrimento que ela não tenha experimentado…
Dom Hélder Câmara
Maria de Nazaré aceitou o desafio divino de ser a Mãe do Salvador. Por isso sua alma muito se alegrou. Que maravilha contribuir com a obra da Salvação! Será que alguém foi mais feliz do que Maria? Além de amamentar a Jesus, ela ouviu a sua Palavra e a colocou em prática.
Por isso, o Evangelista Lucas a apresenta como a perfeita discípula!Já o Evangelista Mateus a apresenta como aquela que nos aproximou “Deus conosco” – o Emanuel. Mas ao aceitar o desafio divino, ela, provavelmente, nem imaginava quanta dor isto lhe custaria. Dor menos dolorida ao ver seu filho partindo pelo mundo afora a fim de anunciar o Reinado de Deus. Dor de vê-lo contestado, rejeitado apesar de passar pelo mundo só fazendo o bem.
Dor mais dolorida de vê-lo preso e por fim assassinado numa cruz. Maria tornou-se, então, a Mãe do Salvador Presidiário!
O Filho preso e morto
O Evangelho nos conta que o Filho de Maria era pobre e optou pelos pobres. A opção pelos miseráveis foi o critério chave para o seu decidir, pensar, agir e se posicionar. É provável que muito disto Ele aprendeu de sua Mãe, a Perfeita Discípula do Pai.
Neste sentido, nos narra o Evangelho de Mateus que, certo dia, Jesus disse que todas as vezes que damos de comer aos famintos, de beber aos sedentos, recebermos na própria casa os estrangeiros, vestirmos os nus, cuidarmos dos doentes e visitarmos os presos é a Ele que o fazemos.
E todas as vezes que não fizermos isto tudo, é a Ele que não o fazemos (Mt 25,31-46). Ensinou que nosso julgamento final dependerá disto: os que fazem estas obras de misericórdia irão para a vida eterna e os que não fazem irão para o castigo eterno… Depois de dizer estas palavras tão fortes, Jesus avisou seus discípulos que em dois dias seria entregue para ser crucificado (Mt 26,1-2). De fato, os chefes do poder religioso, os grandes proprietários de terra e donos do dinheiro reuniram-se no Palácio de Caifás e decidiram juntos que prenderiam Jesus com esperteza, e depois o condenariam à morte (Mt 26,3-5). Assim, antes do julgamento, já estava decretada a sentença: morte.
É que o ensinamento de Jesus ia contra os interesses deles: 1) os sacerdotes, em nome de Deus, legitimavam a desigualdade social; 2) os gandes proprietários não queriam partilhar com os pobres, mas ao contrário, queriam concentrar ainda mais os bens, explorando os vulneráveis.
Dois dias depois, durante a noite, enquanto Jesus rezava, chegou Judas com uma grande multidão armada de espadas e paus a fim de prendê-lo. Eles lançaram às mãos sob o Nazareno e o prenderam. Ele não reagiu e nem quis reação por parte dos discípulos, pois violência gera mais violência. Os discípulos, então, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho (Mt 26, 47-55).
O Filho de Maria foi levado à casa de Caifás. Lá já estavam as falsas testemunhas que deram depoimentos contra Ele. Depois do julgamento por parte do Sumo Sacerdote Anás, cuspiram no rosto do Preso e o esbofetearam (Mt 26, 57-75). Jesus ainda foi julgado pelo Sinédrio e os “senadores” também decretaram a sua morte. Por fim, a mais alta autoridade do império romano na Palestina, o procurador Pôncio Pilatos, sob pressão, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado (Mt 27,1-31).
Num lugar chamado Gólgota, que quer dizer “lugar da caveira”, o Filho de Maria foi crucificado. Com Ele, também foram crucificados dois ladrões. Sofrendo naquela cruz, Jesus ainda foi insultado com palavras duras por parte de muitas pessoas, das autoridades e até dos dois bandidos que estavam crucificados ao lado Dele. Pelas três da tarde, enfim, deu um forte grito e entregou o espírito (Mt 27, 32-56). Ao entardecer, Pilatos autorizou que o corpo de Jesus fosse sepultado (Mt 27,57-66).
O Filho vivo e livre
Depois do sábado, Maria Madelena e outra Maria foram ao túmulo e inesperadamente receberam uma maravilhosa notícia por parte de um anjo: “Jesus ressuscitou!”. E o próprio Ressuscitado foi ao encontro delas e disse: “Alegrem-se!” e acrescentou: “Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam a Galiléia e lá eles me verão” livre das “grades da morte”.
Da Galileia, Jesus os enviou para que em todos os povos fizessem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo e ensinando a observar tudo o que ele ensinou: dar de comer a quem tem fome… cuidar dos doentes… visitar os presos… Enfim, Jesus garantiu que não estariam sozinhos: Ele estaria com seus discípulos de todos os tempos e lugares na missão salvadora! Maria, que muito sofreu devido a crucifixão de seu Filho, muito também se alegrou com a sua gloriosa ressurreição e participou da explosão Missionária!
A explosão missionária
O livro dos Atos dos Apóstolos nos conta que Maria estava presente quando os discípulos estavam reunidos em oração e aconteceu, pela vinda do Espírito Santo, a explosão missionária. A partir daquele dia, eles partiram pelo mundo anunciando o Reino de Deus e a vitória de Jesus sob a morte e o pecado; anunciando a alegria do Evangelho.
Vários discípulos de Jesus também foram presos, julgados e alguns até condenados à morte, como por exemplos, Tiago, Estêvão, Pedro e Paulo… A Igreja, no entanto, se mantinha unida na oração e no testemunho. E o Senhor acrescentava novos membros à comunidade. Esta vivia e espalhava o Evangelho da Liberdade que Jesus nos trouxe.
Maria, integrante da Igreja, foi uma Missionária do Evangelho da Misericórdia! Hoje, o Papa Francisco nos convida a pedir a intercessão de Maria para a nova etapa de Evangelização lançada com o documento “A Alegria do Evangelho”.
Por isso, “Nós te pedimos, o Mãe Aparecida, cuja imagem foi encontrada por humildes e pobres pescadores: Acompanhe o nosso esforço e serviço em prol do Reino de Deus. Nos ajude a anunciar a todos a mensagem da salvação que Jesus nos trouxe.
Que os novos discípulos de Jesus se tornem operosos evangelizadores. Esteja, oh Mãe, presente também nos momentos de aridez, de serviço oculto, de cansaço e até de ‘escuridão da fé’. Acompanhe o trabalho da Pastoral Carcerária que ouve o preso Jesus dizendo: ‘Eu estive preso e vieste me visitar’. Acompanhe os homens e as mulheres encarceradas bem como as suas famílias.
Fortaleça as vítimas da criminalidade e seus amigos que sofrem por causa da dor que esta traz… Que todas as pessoas que atuam com os irmãos presos saibam reconhecer a presença misteriosa e real de Cristo em cada pessoa encarcerada. Dá-nos a Alegria do Evangelho! E que nunca nos roubem a utopia de um mundo sem cárceres! Amém!”
Pe. Ivanir Antonio Rampon
Professor da Itepa Faculdades
Assistente Espiritual da Pastoral Carcerária de Passo Fundo – RS