No Estado de Goiás, 70% das 713 presas são mães, conforme informações da Superintendência Estadual de Administração Penitenciária (Seap). Outro dado, é que 16 presas estão grávidas e outras oito cumprem pena com os filhos nas celas.
Reportagem do jornal O Popular, de Goiânia (GO), assinada pelo repórter Cleomar Almeida, publicada em 15 de novembro, detalha as dificuldades das presas que já são mães e convivem com os bebês nas celas e também das grávidas, que sabem que ao darem à luz ficarão poucos meses com os filhos e sob precárias condições, já que nenhuma unidade prisional de Goiás possui maternidade própria e berçário adequado.
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“As crianças passam o dia em meio a barulho de cadeados, agentes de segurança armados e brigas entre as presas. Algumas apegadas ao peito, para se amamentarem. Outras protegidas no colo e acolhidas pelo abraço apertado de quem as gerou. Todas serão obrigadas a se separar da mãe. Em geral, o período de seis meses, mínimo para amamentação, é adotado como prazo-limite para permanência no presídio. Há exceções”, consta na reportagem.
Uma das presas grávidas desabafou: “Minha maior aflição é saber que vou ganhar o meu bebê e vão tirar ele de mim”. Outra igualmente lamentou: “Ainda não sei o sexo do bebê, mas o pior é saber que vou ganhar e vou ter dias contados para ficar com ele”.
E há também casos de mães presas e que não sabem se verão mais os filhos. Uma das grávidas, que já é mãe de uma adolescente de 15 anos e um menino de 6 anos, contou que o marido a abandonou e a família dele tomou posse dos dois filhos. “Não sei o que faço, porque não vou ver meus filhos crescerem, mas quero ter a oportunidade de revê-los quando sair daqui. Estou arrependida pelo que fiz e vou pagar, mas quero meus filhos”.
Entrevistada para a reportagem, a Irmã Petra Silvia Pfaller, coordenadora nacional da Pastoral Carcerária para a Questão da Mulher Presa, afirmou que a atenção à saúde da mulher presa em Goiás é “muito precária.” Ela destacou que a luta da Pastoral não é para separar mãe e filho. O esforço é para aplicação de medidas cautelares previstas em lei, tais como a prisão domiciliar para mulheres que amamentam ou que tenham crianças pequenas.
Também entrevistada, a antropóloga e professora da Universidade Mackenzie, Bruna Angotti, chamou a atenção para os casos em que as crianças são retiradas das mães e colocadas em abrigo, para adoção. “O direito a conviver com a própria mãe, ser amamentada e de ter direitos maternos é crucial da criança. É uma fase muito importante para o desenvolvimento de laços entre mãe e filho. Ruptura não é a saída”, disse Bruna.