Ser a presença de Jesus nas prisões do centro-oeste paulista

 Em Justiça Restaurativa

A ação da Pastoral Carcerária perde todo o sentido se quem visita as pessoas presas não cultiva uma mística e uma espiritualidade que a faça ser a própria presença de Cristo junto aos encarcerados.
Em seu agir, os agentes da Pastoral Carcerária são convidados a olhar e pensar sobre toda a realidade dos presos: como se encontram, em quais estruturas prisionais e qual o contexto social que redundou no encarceramento de cada pessoa. Essa mística de ação está diretamente ligada à espiritualidade da Pastoral, alicerçada na oração, na leitura do Evangelho, meditação, jejum, participação na Eucaristia e nos sacramentos, vida ativa na comunidade de fé e nas diferentes realidades familiares atuais. Sem a mística e a oração não se chega a Cristo e sem ser discípulo e missionário de Jesus, o agente de pastoral, em pouco tempo, é tomado pelo desânimo, desesperança e descompromisso com o sonho de mundo sem prisões.
Esses são alguns dos indicativos que constam nos materiais formativos sobre a mística e espiritualidade da Pastoral Carcerária. Essa temática foi tratada em 9 de julho na formação dada aos agentes da PCr do Sub-regional Botucatu, realizada em Marília (SP), no Centro Catequético “D. Osvaldo Giuntini”, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.
Participaram 60 membros da Pastoral Carcerária que atuam nas dioceses paulistas de Assis, Bauru, Marília, Lins e Ourinhos. Na área de abrangência do Sub-regional de Botucatu estão encarceradas 80 mil pessoas. Por esse motivo, também foi organizado no evento um calendário de visitas para atender a essa grande quantidade de pessoas presas, muitas das quais já podiam estar em liberdade se não fosse a morosidade do Judiciário. Outras talvez nem precisariam estar nos cárceres se a lógica punitivista desse lugar à Justiça Restaurativa.
A articulação do encontro foi do Padre Ademilson Ferreira, coordenador do CDP da Diocese de Marília, com a assessoria do Padre Emerson Andrade de Lima, assessor espiritual da Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo.
Além do assessor do encontro formativo, também saudaram os participantes e motivaram-lhes a seguir na missão o Padre Valdo Bartolomeu de Santana, de Tupi Paulista, que fez a oração inicial do encontro, e o Padre Orlando Alves, de Assis, coordenador do Sub-regional.
Padre Emerson Andrade lembrou que os agentes da PCr têm a missão de levar a Boa Notícia às pessoas presas, reafirmar Jesus Cristo e seu princípio de vida, assim como perceber-se como o próprio Cristo entre os encarcerados, ter como motivação a capacidade de testemunhar o Evangelho, tendo em mente de que a morte de Jesus em cruz a converte em sinal de ressurreição, a necessidade de permanente formação espiritual entre os agentes, a superação dos preconceitos na orientação do ver, julgar e agir.
Também foram apresentadas referências bíblicas de forte significado pastoral, e falou-se sobre a consciência de que o amor na PCr é um amor marcado pelo conflito; por isso, a oração é base para se colocar sob luz e inspiração divina, mas é preciso sempre ter criatividade e ousadia para a evangelização do cárcere.
Outro aspecto ressaltado no encontro formativo foi o comprometimento permanente da Pastoral Carcerária com o direito dos presos à educação. Trata-se de uma temática urgente, pois no Estado de São Paulo, que tem a maior população prisional do País, aproximadamente 4% dos encarcerados nunca frequentaram a escola e quase 40% não concluiu o ensino médio. Além disso, nem todas as unidades prisionais paulistas apresentam condições mínimas para que os presos possam estudar enquanto estão sob a custódia do Estado.
Também houve menção ao papel que os agentes públicos têm na construção de outros quadros de direitos humanos no País. Essa tem sido uma luta constante da Pastoral Carcerária Nacional, que na Agenda Nacional pelo Desencarceramento, alerta para a seletividade do sistema de Justiça, o desrespeito ao direito fundamental de presunção de inocência e ao aumento gradual das práticas de tortura do Estado brasileiro, com especial destaque para a truculência das ações das polícias.
O encontro da PCr do Sub-regional Botucatu foi finalizado com um almoço oferecido pela equipe da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.
(Com informações da PCr da PCr de Botucatu e materiais de formação da Pastoral Carcerária)
 
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