RELATO DE VIDA DOS AGENTES DE PCR PÓS CURSO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA

 Em Justiça Restaurativa, Notícias

O curso Cuidado, Historicidade e Conexão (CHC) da Justiça Restaurativa, feito em parceria com a Faculdade Madalena Sofia, reuniu do dia 03 de agosto a 04 de setembro mais de 100 agentes da Pastoral Carcerária de todo o Brasil. Para melhor aproveitamento foram criadas duas turmas com intuito de discutir temas como: Comunicação não violenta, cuidado e autocuidado, perdão e auto perdão, compaixão e misericórdia.

O espaço de diálogo e formação proporcionou um encontro com partilhas, dúvidas e experiências de vida. O conteúdo formativo trouxe aos agentes tempo de reflexão sobre a realidade da autopercepção e cuidado consigo mesmo a partir da historicidade.

Este momento de olhar para si mesmo é também base para lidar com a realidade encontrada nos cárceres. “Deixar de lado o ressentimento, a raiva e a vingança são condições necessárias para ser feliz” foi uma das mensagens transmitidas através do curso.

Teoria, vivência e prática é o alicerce da Justiça Restaurativa e não pode ficar de fora da formação. Alguns exercícios foram aplicados durante a capacitação que ajudaram no resgate da imagem e da presença do Deus misericordioso na vida de cada um dos integrantes. “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.

A partir do momento que se tem este conhecimento profundo do amor de Deus em nossas vidas é possível mergulhar profundamente nas dores, nas culpas e começar o caminho do perdão. Perdão significa “libertação da culpa”, é deixar ir algo que impede o fluxo de vida fluir.

Este foi somente um dos vários exercícios feitos durante o mês dentro de toda a ementa proposta pelas facilitadoras de práticas restaurativas Vera Dalzotto, Assessora da Justiça Restaurativa da Pastoral Carcerária Nacional, e Joselene Barbosa, agente da Pastoral.

VIDA E FORMAÇÃO DO AGENTE DE PASTORAL CARCERÁRIA

Maria do Rosário Pedro está há 2 anos visitando o cárcere. No início, ela começou a frequentar a prisão durante 8 meses como familiar e mesmo após este período não conseguiu mais deixar de lado as visitas. “Ai eu fiquei presa no amor, fiquei presa na amizade e não tive mais coragem de sair das visitas” relembra.

Com o tempo fez laços com os privados (as) de liberdade que já a aguardavam para conversar e cantar juntos. Vendo sua vocação, buscou apoio da Pastoral Carcerária afim de continuar a missão no cárcere. A ala feminina era prioridade na visitação, mas com o tempo a boa nova foi chegando ao cárcere masculino e logo Maria do Rosário passou a frequentar os dois ambientes.
O canto tornou o seu maior instrumento de levar alegrar e esperança as pessoas no sistema. Umas das canções que os privados (as) mais pedem quando ela chega é a “Vai Ter BO” e a “Quero Meu Advogado”.

Apesar de estar presente e exercitar a escuta ativa na prisão, percebeu que precisava de algo mais para apoiar e dar o seu melhor na vida dessas pessoas. “Me senti muito necessitada de saber e conhecer” ressalta. Feliz com a acolhida da Pastoral descobriu cursos ofertados para os agentes e teve o seu primeiro contato com a Justiça Restaurativa.

A Pastoral Carcerária está sempre promovendo cursos para questão da Justiça Restaurativa. Este ano tivemos diversos cursos ofertados e vários agentes puderam exercitar o conhecimento na área e levar para suas cidades e aplicar no dia a dia nos cárceres.

Para participar de um desses encontros é só ficar atento no site da Pastoral Carcerária Nacional (www.carceraria.org.br) ou acompanhar as notícias nas redes sociais @pcrnacional.

Texto: Maria Ritha Ferreira da Paixão, Jornalista

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