O Instituto CNV Brasil enviou, no dia 02 de abril de 2024, uma carta de gratidão pela união da Pastoral Carcerária ao longo desses últimos anos, reforçando a importância dos cursos ofertados aos/às agentes de pastoral como um trabalho de união de propósito e promoção de uma justiça que restaura. Dessa forma, podemos lutar pela dignidade e pela valorização da vida.

Durante a pandemia, intensificou-se o uso de plataformas de videochamadas para reuniões e encontros online, e a Justiça Restaurativa integrou-se nesse meio, fornecendo diversos cursos de formação para os/as agentes de pastorais de todo o Brasil. Entre eles, o Instituto CNV Brasil, Escola de Comunicação Não-Violenta, participou ativamente. Não apenas durante a pandemia, mas também nos anos presentes, fornecendo cursos sobre a comunicação não-violenta.

Uma parceria que vem gerando bons frutos e gratificação de ambas as partes. A Comunicação Não-Violenta é uma abordagem que busca a resolução de conflitos por meio de diversas práticas que estimulam a compaixão e a empatia. Ela se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas. A Justiça Restaurativa pode ser compreendida como a resolução de conflitos através de diálogos e negociações, sendo a Comunicação Não-Violenta fundamental para esse meio.

Agradecemos imensamente a confiança e a parceria do Instituto CNV e na contribuição para a realização deste sonho, o sonho de um mundo sem cárceres. Estendemos também a nossa gratidão a todos e todas os/as agentes da Pastoral Carcerária e facilitadores que tiraram um pouco do seu tempo para estar conosco e aprendermos juntos como entender, vivenciar e aplicar as práticas da Justiça Restaurativa. 

 

Leia abaixo a carta: 

Prezada Vera, Petra e agentes da Pastoral Carcerária,

É com imensa gratidão e profundo apreço que escrevemos esta carta em nome da Associação de Comunicação Não-Violenta do Brasil. Queremos expressar nossa sincera valorização pela parceria que estabelecemos ao longo dos últimos anos na promoção e realização de formações em Comunicação Não-Violenta aos agentes da Pastoral Carcerária.

Nossa colaboração tem sido fundamental para disseminar práticas que promovem a compaixão, a empatia e a valorização da vida, além de buscar fortalecer agentes de transformação que buscam garantir direitos humanos dentro dos ambientes carcerários. Reconhecemos o compromisso e a dedicação de cada agente da Pastoral Carcerária em abraçar esses princípios e aplicá-los em seu trabalho diário.

Não podemos ignorar os desafios e a realidade dolorosa que enfrentamos no sistema prisional brasileiro. A população carcerária, em grande parte, é composta por pessoas pertencentes a grupos sociais marginalizados, vítimas de injustiças sociais estruturais que as colocaram em situações de vulnerabilidade. Nos desperta indignação reconhecer que a maioria dos detentos são pessoas negras, pobres e com baixa escolaridade, refletindo um recorte social que evidencia as desigualdades profundas presentes em nossa sociedade.

Essas injustiças nos motivam ainda mais a continuar nosso trabalho em prol da valorização da vida, garantia de direitos e da busca por caminhos que efetivamente promovam restauração – uma vez que sabemos que ações baseadas no Mito da Violência Redentora (ref. Walter Wink), ou seja, que acreditam que a violência educa e redime têm como consequência somente a perpetuação de ciclos de violência que afastam toda a sociedade do bem-viver.

Nossa missão é promover uma cultura de paz e respeito mútuo, não apenas dentro dos presídios, mas também na sociedade como um todo. Acreditamos firmemente na capacidade de transformação e na dignidade inerente a cada indivíduo, independentemente de suas circunstâncias – reconhecemos que a parceria com a Pastoral Carcerária e a multiplicação formativa desses princípios permite a materialização dessa missão conjunta com união e força. Reconhecemos nessa união uma potência que nos emociona e renova nosso compromisso mesmo diante de todas as adversidades.

Compartilhamos um propósito comum com a Pastoral Carcerária: o de oferecer esperança, apoio e oportunidades de crescimento para aqueles que estão privados de liberdade, além de garantir direitos humanos de todas as pessoas. Reconhecemos também que construir uma cultura de paz para todos tem como importante pilar a busca por um mundo sem cárcere. Juntos, podemos continuar fazendo a diferença, inspirando mudanças positivas e construindo um futuro mais justo e compassivo para todos.

Que possamos seguir unidos nessa jornada, fortalecendo nossa parceria e ampliando nosso impacto na vida daqueles que mais precisam.

 

Com admiração e respeito,

Presidente da Associação CNV Brasil 

 

Brasília, 02 de Abril de 2024