Ainda vivemos tempos difíceis. Continuamos angustiados por causa das incertezas de uma pandemia que ainda nos assusta. Muitas vidas foram interrompidas, muitas famílias tiveram seus corações dilacerados pela dor da perda de entes queridos. Diante de tanto sofrimento, é preciso força e preparação para um futuro que ainda não sabemos como será, especialmente diante da intensa mudança que está acontecendo nas relações humanas. Fomos, então, surpreendidos(as) com o convite da Pastoral Carcerária Nacional para fazermos o curso de Justiça Restaurativa, de forma remota.
Aceitamos o convite, certos de que Deus sempre nos prepara para as missões que cumprimos em Seu nome. Comprometemo-nos a, semanalmente, participar de um encontro formativo, onde nos deparamos com temáticas muito ricas e refletimos sobre questões fundamentais da nossa vida.
O contato com a Filosofia Clínica, por exemplo, nos ajudou a entender e valorizar a história de cada um, e de forma ética, valorizarmos a nós mesmos, os nossos irmãos e irmãs e a natureza. Esse mergulho na individualidade humana nos trouxe o conhecimento necessário para não nos desanimarmos e, nem tão pouco, bloquearmos os outros de suas potencialidades. E sim, com paciência e misericórdia, descobrir e contribuir para fazer brotar as virtudes de cada um, de forma que todos possam ser instrumento de mudança no mundo.
Os nossos iluminados encontros quebraram as barreiras da formação, puramente acadêmica, uma vez que nos tornamos amigos e parceiros uns dos outros. Aprendemos a valorizar os tesouros guardados no coração de cada um; descobrimos a força construtiva e restaurativa da vivência circular; percebemos que olhar nos olhos do outro, com empatia, com acolhimento às novas ideias e respeito às divergências, sempre contribui para desenvolver um ambiente propício ao diálogo saudável e, potencialmente, produtivo.
Os encontros tiveram a participação de Imelda Maria Jacoby e Joselene Linhares, facilitadoras e instrutoras de Círculos de Construção de Paz, Vera Dalzotto, assessora nacional da Pastoral Carcerária para a questão da Justiça Restaurativa, e Josiane Domingas, filosofa clínica e mestra em educação. Toda metodologia que foi dinamizada nos permitiu amadurecer a visão que temos de nós mesmos, da vivência social e de nossa atuação no mundo. São esses os elementos fundamentais para o cumprimento da nossa missão e, consequentemente, para o sucesso dela que é, tão somente, contribuir para a formação de uma vida mais digna para os nossos irmãos e irmãs.
No fim de tudo, nossa caminhada foi coroada com a celebração que nos fez render graças a Deus, enriquecendo-nos de Sua Palavra, recebendo seus dons e a sua graça, que, com amor e misericórdia, nos envia em Missão.
Padre Valdezio Nascimento de Lima – Coordenador da Pastoral Carceraria na Arquidiocese da Paraíba