Justiça Restaurativa: Medicina para Superação do Silêncio e da Segregação

 Em Justiça Restaurativa, Notícias

Todas as grandes potências ocidentais, e também os países emergentes, quais o Brasil, tem nesses últimos tempos se colocado ao lado do mais forte, ao lado do mercado econômico e monetário que sustenta e alimenta o extermínio e a morte de inúmeros povos sugando suas riquezas, fornecendo tacitamente armas cada vez mais sofisticadas e letais e promovendo o massacre e o extermínio de povos, culturas, como a carnificina dos palestinos transformada em evento midiático que passa bem longe da preocupação com os habitantes da faixa de Gaza que, diariamente conviviam e tocavam a vida onde histórias de famílias, de pessoas iam bem além da raça, do credo e se entrelaçavam numa harmoniosa cotidianidade.

O modelo do novo apartheid

Mas, há uma verdade que não podemos calar e que está na fonte desta guerra que, na sua absurda justificação dada pelo ocidente, quer mais uma vez esquecer: o regime de apartheid no qual Israel e o mundo ocidental mantiveram e querem continuar mantendo o povo palestino. O apartheid que tem algumas caraterísticas próprias como a invasão do território com a constituição de kibutz, o não reconhecimento do povo palestino como legítimo habitante da faixa de terra de Gaza, terra que hoje, com a saída dos não palestinos Israel e sua ala extremista e fundamentalista quer arrasar fazendo uma limpeza étnico cultural e estrutural, negando, ulteriormente ao povo palestino o direito a existência, a uma terra, a um futuro e sua autodeterminação.

O dramático de tudo isso é que o alzheimer histórico que acompanha constantemente nossas vidas e que hoje, mais do que nunca é ampliado e multiplicado pelas redes midiáticas, vai favorecendo cada vez mais fenômenos de individualismo, segregação, fundamentalismos, ideologia única, que silenciam, criminalizam, a comunidade, a política, a cidadania criando aquele ambiente e condições que geram e fazem reviver o mito da raça pura com direitos e privilégios, enquanto a grande multidão dos pretos, periféricos, palestinos é imolada por um sarcástico e moralista linguagem que só conhece os números da morte de um silencioso e real apartheid que, continua vitimando e sacrificando vidas ao tecnocentrismo beligerante e à idolatria do mercado que só permite sair do isolamento e do apartheid o que o alimenta e o mantem vivo, como por exemplo o chavão usado para o combate ao aborto, enquanto continuamos abortando pessoas a todo o momento, apartando-as do direito à autodeterminação, alienando suas vontades e reduzindo-as a mera contagem numérica, que acaba até construindo um silencioso e eficaz apartheid dentro nossa própria existência ao ponto de não sabermos mais nem quem somos, queremos e sonhamos ser.

Nelson Mandela, vítima da segregação e ícone da Justiça Restaurativa

O apartheid teve sua grande expressão de ódio e segregação na África do Sul e, o ícone expressivo disso foi Nelson Mandela, ativista e líder da resistência não violenta da juventude. Vítima de um julgamento infame, passou vinte e três anos na prisão tornando-se o preso mais famoso do mundo.

Mas o que mais surpreendeu o mundo e, que permitiu o surgimento de uma sociedade democrática foi o processo transicional que caminhou para a restauração psicológica e pela reconciliação social. Fator determinante para o êxito deste processo e a superação do espírito de ódio, vingança e violência foi ter optado pela Justiça Restaurativa, qual meio para resolver os crimes cometidos pelo regime no passado. Esse processo se deu por meio da Comissão de Verdade e Reconciliação, abrindo assim mão de um modelo punitivo tradicional sem deixar de lado a responsabilização dos criminosos e a apuração da verdade.

JR, caminho de uma nova cultura civilizacional

O que se torna cada vez claro e, disso devemos tomar ciência, a grave crise global que assola nossa humanidade, o apartheid que corrói, arma e institucionaliza a violência criando e alimentando as histórias e os fantasmas, os monstros do passado e do presente, os Trump, Bolsonaro, Netanyhau, Hamas, só pode encontrar uma solução num processo justo, restaurativo, verdadeiro que a todos desarme abrindo o caminho para uma verdadeira Fraternidade e Amizade Social entre os povos cuja cultura civilizacional seja o amor.

Oxalá que, como afirma Papa Francisco e afirmavam outros antes dele, não nos deixemos roubar a esperança, continuemos esperançando para superar a fragmentação e o apartheid sócio-político religioso e estrutural que paradoxalmente, mas concretamente estão construindo em nós e ao nosso redor.

 

 

Volatr ao topo