A tradição cristã tem o dia de sábado como um dia de particular carinho com a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Muitos talvez não sabem que sua origem remonta à manhã do Sábado Santo, onde, no silêncio, o grito de solidão da Mãe de Jesus faz-se ouvir em toda a sua humanidade e crueza.
Um tempo, particularmente antes do Concílio Vaticano Segundo, nós olhávamos à Maria como àquela que teve “o privilégio” de ser a Mãe de Deus, mas assim fazendo nós dividíamos a Mãe do seu Filho Jesus, de sua participação no mistério da encarnação.
Hoje nós olhamos a Maria e nela enxergamos o caminho de dor, de paixão, de morte de tantas Marias, de tantas mulheres, mães, esposas, filhas, que como ela vivem e encarnam o sonho, o projeto do filho, e depois o veem encarcerado, massacrado, torturado e o acolhem morto em seus braços como a Mãe das Dores o fez.
Mas como Maria, as Marias não ficam apenas aos pés da cruz. O seu silêncio de dor se transforma no brado de vida, aquela vida que rasga a noite do suplicio e da morte para proclamar que a vida venceu a morte e gerar a nova humanidade, “o mundo sem cárceres”, sem túmulos, sem pedras, o mundo da vida plena que todas as mulheres nos lembram a todo o momento: porque elas são o berço da vida.
E com as palavras de Paulo resumimos esta participação de Maria ao mistério da encarnação – ressurreição:
Maria, que era a Mãe de Deus,
não reivindicou seu privilégio;
mas despojou-se a si mesma tomando a condição de serva,
tornando-se semelhante a qualquer outra mulher.
Viveu na humildade,
obedecendo a Deus, até a morte do Filho, morte na cruz.
Por isso é que Deus a exaltou
e lhe deu um nome que, depois daquele de Jesus,
está acima de todo o nome,
para que ao nome de Maria todas as cabeças se inclinem,
nos céus, na terra e nos infernos,
e toda língua confesse
que Maria é Mãe do Senhor,
para glória de Deus Pai. Amém!
Pe. Gianfranco Graziola