Se perguntarmos a algumas pessoas o que são os Direitos Humanos, sem sobra de dúvida a maioria os atribui a outra pessoa, a terceiros e não consegue entender que estes são, primeiramente, parte integrante de sua vida, de sua essência, garantia para possibilitar uma convivência pacifica e cidadã. Nesse sentido, os Direitos Humanos, não são simples formulações elaboradas em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas instrumentos que acompanham a evolução da historia e vida humana, tanto é verdade que os peritos falam de diversas gerações de Direitos que vão surgindo com as mudanças históricas, acompanhando os desafios de um universo que vai além de um esquema pré-constituído e muitas vezes engessado pelo próprio sistema sociopolítico, econômico e jurídico.
A nos ajudar nessa constante releitura da vida e de seus direitos, uma grande novidade nos vem da Laudato si’, a Louvado sejas, e particularmente do capitulo quarto, em que o Papa Francisco nos desafia a enxergar os Direitos Humanos de um horizonte bem mais amplo que o jurídico, àquele que ele chama de Ecologia Integral. Falando disso, ele não fica numa estéril enumeração de princípios, de conselhos, de pressupostas verdades, mas com objetividade apresenta os elementos que a constituem e que devem ser observados quais sejam o econômico, o que “exige o sentar-se a pensar e discutir acerca das condições de vida e de sobrevivência de uma sociedade, com a honestidade de pôr em questão modelos de desenvolvimento, produção e consumo. Nunca é demais insistir que tudo está interligado” (LS 138).
Nessa interligação, se insere a cultura, patrimônio histórico, artístico e cultural, base para a construção duma cidade habitável. Central nesse contexto é a ecologia da vida cotidiana. Os ambientes onde vivemos influem, afirma Papa Francisco, sobre a nossa maneira de ver a vida, sentir e agir. “É louvável – continua o documento – a ecologia humana que, os pobres conseguem desenvolver no meio de tantas limitações, criando e desenvolvendo calorosas relações humanas de vizinhança que compensam as deficiências na interioridade de cada pessoa que se sente inserida numa rede de comunhão e pertença” (LS 148). Chegamos assim a falar do princípio do bem comum e da justiça intergeracional, por que afirma o Papa, que “o bem comum pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral” (LS 157). Nesse contexto, também uma questão essencial de justiça e solidariedade intergeracional, a terra que recebemos pertence também àqueles que hão de vir. Um direito profundamente humano, que não podemos deixar de considerar.
Padre Gianfranco Graziola,
Vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária e Missionário da Consolata
*Artigo publicado na revista Missões, edição de dezembro de 2015
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