Dom João Cardoso: ‘Cadeias não são instrumento para a recuperação ou ressocialização’

 Em Igreja em Saída

Bispo Bom JesusPor ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, a rádio Vaticano desenvolveu uma série de reportagens sobre a vivência da misericórdia nas dioceses do Brasil. Em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, um dos frutos deste jubileu extraordinário é o princípio de um grupo de Pastoral Carcerária na diocese.
“Eu estive reunido com um grupo de visitação à cadeia e esse grupo surgiu questionado, impulsionado, pelo Ano da Misericórdia, especialmente no dever de visitar os presos. Então, o embrião da Pastoral Carcerária está surgindo nesse contexto do Ano da Misericórdia”, afirmou Dom João Cardoso, bispo de Bom Jesus da Lapa.
Dom João Cardoso, que tem visitado unidades prisionais em sua região, traçou um panorama desolador sobre as prisões.
“A prisão no Brasil é uma realidade muito triste. Primeiro, porque nossos presídios e cárceres estão com uma superpopulação. Há muitos prisioneiros ainda esperando serem julgados se encontram presos. Há casos terríveis, de encontrar, por exemplo, em um espaço em que só caberia seis pessoas, ali ter 30 pessoas. Os presídios e cadeias não ajudam de modo algum na reinserção da pessoa na sociedade, pelo contrário: quando as pessoas saem dali, saem piores do que entraram. Nesse sentido, as nossas cadeias não são instrumento para a recuperação ou ressocialização da pessoa”.
O Bispo também constatou algo presenciado diariamente pelos agentes da Pastoral Carcerária em todo o Brasil: a seletividade do sistema prisional. “E as vítimas [do sistema prisional] são os pobres, porque não têm condição de pagar advogado, muitos dos que estão presos não deveriam estar lá, pois não tiveram julgamento, estão lá porque não têm quem os defenda. Sem falar, nos que estão presos por questões banais e corriqueiras, como quem roubou para matar a fome, por exemplo”, comentou.
A Pastoral Carcerária Nacional é veementemente contrária a qualquer modelo de encarceramento e luta pela concretização de um mundo sem prisões. “É imperioso que se faça cessar imediatamente qualquer política de construção de presídios para priorizar políticas que são aptas a equacionar estruturalmente os principais problemas atinentes ao sistema carcerário”, consta em um dos trechos da AGENDA NACIONAL PELO DESENCARCERAMENTO.
Neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, a Pastoral Carcerária convida toda a sociedade a conhecer a realidade das prisões, visitando os irmãos encarcerados, perfazendo, assim, um dos roteiros deste jubileu: a visita aos presos, uma obra de misericórdia corporal.
PRATICAR A MISERICÓRDIA: DEVER DE TODO CRISTÃO E CRISTÃ
VEJA O ROTEIRO PARA CELEBRAÇÕES DAS PRISÕES NESTE JUBILEU
 
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