A Pastoral Carcerária, diante da pandemia da COVID-19, começou a realizar reuniões online com os coordenadores estaduais, para que seja possível entender a realidade de cada Estado e pensar em soluções e respostas conjuntas para este momento extremamente difícil.
Cerca de 25 pessoas, representando 15 Estados, participaram das duas reuniões ocorridas até agora. Apesar de algumas particularidades de cada lugar, as falas dos coordenadores confirmam que a situação é a mesma por todo o país.
As visitas estão suspensas, o que cria uma falta de informação sobre o que está acontecendo atrás dos muros do cárcere, tanto em relação à pandemia quanto as violências e torturas cotidianas, que continuam.
Há falta de remédios e em muitos estados, materiais de higiene e alimentação enviados pelos familiares não entram. Os agentes da pastoral, restritos em sua atuação por conta da quarentena, mantém contato com os familiares, tanto para tentar obter alguma informação sobre o que está acontecendo, como para ajudar a arrecadar doações para enviar às prisões.
Os coordenadores também tem recebido dos familiares diversas denúncias de torturas, encaminhando-as para que as autoridades competentes investiguem – e na maioria das vezes, essas autoridades não estão dando continuidade às denúncias.
Há casos confirmados de contaminação e até de mortes por conta do coronavírus em alguns Estados, enquanto que em outros, tudo que se sabe são rumores de contágio e óbitos por conta do vírus. De qualquer forma, a subnotificação dos casos continua mascarando a real gravidade da pandemia nos presídios.
A Pastoral Carcerária Nacional, por sua vez, tem se esforçado para obter informações: fruto disso foi um questionário enviado a todos os Estados, que obteve 1213 respostas de todo país em três dias. A coordenação nacional também está se articulando com outras entidades para pensar ações conjuntas.
Os primeiros encaminhamentos das reuniões foram que a Pastoral Carcerária irá continuar a se organizar interna e externamente, tanto no nível nacional como estadual e diocesano, e com organizações parceiras e familiares, cobrando as autoridades para que investiguem denúncias de tortura e para que forneçam informações concretas sobre a real situação no cárcere.