Os 16 anos da Chacina de Maio

 Em Combate e Prevenção à Tortura, Notícias

O mês de maio escorre sangue todos os anos. É humanamente impossível viver esse mês sem lembrar da maior chacina praticada pelo Estado de São Paulo das últimas décadas. Entre os dias 14 e 26 de maio de 2006, a Polícia Militar paulista e seus respectivos grupos de extermínio assassinaram mais de 500 pessoas, tudo isso em apenas duas semanas. O racismo estrutural que atravessa a violência estatal fizeram, mais uma vez, dezenas de vítimas negras. 

Apesar da crueldade e do horror deixado na história, nada foi feito para responsabilizar os autores. Pelo contrário, o Estado penal foi aclamado e premiado pela burguesia, consolidando o modus operandi militarizado e truculento da polícia e permitindo a continuidade de práticas diárias de atos cruéis e desumanos, como a tentativa da Polícia do Rio de Janeiro de destruir a memória da chacina de Jacarezinho, como o Massacre do Carandiru, e como a recente expulsão violenta de pessoas na Praça Princesa Isabel, no Centro de São Paulo. 

Neste 13 de maio, em vez de lembrarmos da falaciosa lei áurea assinada por Princesa Isabel, lembremos da luta diária das vítimas da violência de Estado, mães e familiares pretas, que ainda gritam pela abolição da escravidão, da polícia e do cárcere.  

A memória dessa revolução permanente plantada pelas Mães de Maio nos faz lembrar de Débora Maria da Silva, liderança do movimento, que teve seu filho Edson Rogério assassinado pela Polícia Militar no dia 15 de maio de 2006.

O luto dela, ainda vivo, transmutou-se em uma luta coletiva, que incentivou e encorajou a luta dos movimentos de familiares, da Pastoral Carcerária e de milhares de outros coletivos defensores dos direitos humanos.   

Débora nos lembra que “Esses crimes representam a negação dos corpos da maioria pobre, de moradores de favela, é uma afronta à nossa Constituição praticada pelo Estado de São Paulo, que não foi punido. Foi um dos maiores massacres da história contemporânea, que chamou muita atenção no pós-ditadura e com o mesmo requinte de crueldade. Foi uma violação incontestável, crime contra a humanidade”.

Por isso, façamos viva a memória das mais de 500 pessoas mortas em maio de 2006, para que chacinas e massacres não se repitam e para que possamos abolir de vez o Estado penal, a escravização e o genocídio de pessoas pretas.

O Movimento Mães de Maio, buscando manter o Memorial de seus filhos Vivo, irá realizar as seguintes atividades neste mês:

12/05 – Audiência Pública na Câmara dos Deputados e STF em Brasília

13/05 – Ato em frente ao Ministério Público de SP. Concentração a partir das 15h na Praça Dr. João Mendes

14/05 – Ato em frente ao Memorial das vítimas dos Crimes de Maio de 2006, em Santos às 15h

16/05 a 20/05 – I Encontro Estadual das Mães de Maio do Nordeste, Salvador-BA

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