O auditório Maurício Berni no campus São Leopoldo da Unisinos, no Rio Grande do Sul, recebeu em 8 de abril o seminário “O Afrodescendente no Sistema Carcerário Brasileiro”, organizado pelos projetos sociais Chance e Neabi, como parte das atividades da Década Internacional dos Afrodescendentes, criada pela ONU, com o objetivo de discutir a situação dos afrodescendentes no cárcere a partir da realidade brasileira.
“O objetivo dessa atividade é promover uma reflexão dos participantes sobre essa temática. Esse debate sobre os diferentes lugares que o negro ocupa, ou é colocado na sociedade, é que temos que questionar. Discutir sobre o afrodescendente e o sistema carcerário traz para luz o debate sobre as razões de um grande número da população negra estar, hoje, sendo privada de sua liberdade”, pontuou a psicóloga e integrante do Neabi, Gláucia Fontoura.
Três palestrantes falaram sobre o assunto: o educador social e integrante do Neabi, Jorge Mendonça, o coordenador do curso de Direito da Unisinos, Guilherme de Azevedo, e o coordenador do Chance, Alexandre Dargél.
O educador social apresentou o impacto da violência na juventude negra. “Nosso recorte hoje é a questão étnico-racial. Por isso é importante destacar que na nossa região, poucos jovens negros cumprem medidas socioeducativas, cerca de 20% dos atendimentos”, afirmou Mendonça, que disse ainda ser preciso investigar o porquê de a maioria das pessoas presas serem negras.
Já Guilherme Azevedo lamentou o não reconhecimento do racismo no Brasil. “Há no país um não reconhecimento do trauma racial, do prejuízo que isso traz para os afrodescendentes. O racismo tem ainda um papel encarcerador, que torna a população negra mais vulnerável. Hoje, jovens negros morrem vítimas de homicídios, 13 vezes mais do que jovens brancos da mesma idade, e esse dado revela sérias questões de desigualdade”, ponderou Azevedo.
O coordenador do Chance falou sobre o acolhimento dos egressos no projeto, e trouxe dados sobre o sistema carcerário brasileiro e o seu impacto no preconceito racial. “No Brasil, a situação dos afrodescendentes no cárcere não se diferencia da situação dos brancos. O que há é uma maior quantidade, proporcionalmente, de afrodescendentes encarcerados. O último censo realizado no sistema penitenciário, em junho de 2014, aponta 67% de afrodescendentes presos”, enfatizou. Segundo Dargél esse dado é preocupante porque o mesmo censo aponta que a população brasileira é composta de 51% de afrodescendentes, demonstrando a maior incidência da população negra em presídios.
OUÇA ENTREVISTAS DE MENDONÇA E DARGÉL NO UNIVERSO UNISINOS
Fonte: Portal Unisinos
FAÇA PARTE DA PASTORAL CARCERÁRIA