2 anos do massacre de Altamira: não é crise, é projeto

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Nesta quinta-feira (29), o segundo maior massacre em um presídio da história do Brasil, após o massacre do Carandiru, ocorrido em Altamira, completa dois anos. 58 pessoas foram mortas no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará. Mais quatro presos, que haviam sobrevivido, foram assassinados durante a transferência de Altamira para Marabá, totalizando 62 mortes.

O massacre ocorreu dois meses após os massacres em Manaus, que ceifou a vida de 57 pessoas. Episódios tão brutais ocorrendo um após o outro no sistema carcerário revelam que estes não são casos isolados; pelo contrário, são consequências diretas do funcionamento do sistema prisional, perverso, mortífero e potencializador da violência. A predominante racionalidade punitivista que rege o sistema penal comprova que o extermínio da população carcerária não é algo excepcional, mas sim um projeto político da própria organização social em que vivemos.

A Pastoral Carcerária Nacional, que esteve presente em Altamira logo após o massacre, apoiando os familiares e pressionando o Estado, coletou uma série de relatos que descrevem os horrores ocorridos no dia do massacre. Até hoje, familiares buscam respostas.

Abaixo, você pode ler e ver novamente alguns desses relatos, além dos depoimentos da Ir. Petra Silvia, coordenadora nacional da PCr, e de Vera Dalzotto, assessora da PCr para a questão da Justiça Restaurativa, que estavam em Altamira. Um massacre tão bruto como esse jamais pode ser esquecido:   

 


“Não fiquei muito tempo lá na porta, comecei a passar mal e vim para casa. Você chega lá, fica naquela ansiedade, fazendo oração… meu filho foi totalmente carbonizado, ficou sem as mãos, sem os pés, com o rosto deformado” – Relato de familiar à coordenação nacional da Pastoral Carcerária 

“Levaram ele para o pátio. Pegaram o órgão dele genital e fizeram tipo uma masturbação. Mandaram ele fazer flexões. Aí mandaram o bloco todo gritar que ele era corno, que ele era viadinho, só porque o advogado dele foi lá e viu que ele estava doente com febre e foi reclamar na direção” – Relato de mãe de preso sobre tortura ocorrida no presídio de Vitória do Xingu ao Brasil de Fato

 

“Ele ficou sabendo. Fez bilhetes, mandou para a diretora do presídio, mas eles não ligaram” – Relato de familiar à coordenação nacional da Pastoral Carcerária

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