O protagonismo feminino na luta por dignidade e justiça

 Em Artigos, Mulher Encarcerada

A luta pelos direitos humanos tem um rosto que não pode ser ignorado: o feminino. São as mulheres que, ao longo dos tempos, enfrentam com coragem, entusiasmo e determinação as estruturas opressoras, geradoras de violência social. Elas quebram o silêncio, transformam a dor em ação, a exclusão em acolhimento, a indiferença em empatia e a injustiça em justiça. O protagonismo feminino vai muito além da resistência. As mulheres se fazem presentes onde a vida pulsa: na educação, saúde, arte, comunicação, ciência, política, famílias, comunidades e sobretudo nas ruas. Elas constroem vias de acesso, criam alternativas, sustentam lares e balançam estruturas com sensibilidade, inteligência e muita coragem. Defendem os direitos, moldam o mundo com sua presença criativa e transformadora.

Há mulheres que se dedicam à missão recebida no Batismo, têm voz profética, criam projetos sociais, dão testemunho com sua vida, são luzes na escuridão. Não buscam engajamento nas redes sociais. Somente acolhe, zela, escuta, socorre, auxilia e satisfaz as necessidades de outras mulheres, inclusive das que estão presas. As equipes da Pastoral Carcerária, compostas na maioria por mulheres, sinal concreto do que ensina o Evangelho, atravessam os altos muros da indiferença com passos firmes e corações generosos. É lá, dentro dos presídios, onde a dignidade é constantemente retirada, onde muitos preferem fingir não enxergar, que a presença feminina se impõe com vigor e ternura.

Chegam oferecendo apoio, presença, escuta, compreensão, fé e a esperança de que é possível recomeçar. Tudo acontece na gratuidade. Estas equipes se encontram com mulheres que mesmo antes de serem detidas, muitas já viviam aprisionadas por ciclos de violência, pobreza e abandono. Mulheres julgadas por uma sociedade que raramente escuta suas histórias. Condenadas, perdem a liberdade física e o direito de serem vistas como gente com histórias, dores e sonhos.

A maternidade no cárcere é pura dor. Mulheres são separadas de seus filhos, proibidas de viver o amor materno com dignidade. Crianças crescem sem entender a ausência, e os recém-nascidos enfrentam os frios muros de um sistema que ignora sua vulnerabilidade. Mas a mulher presa resiste, a Pastoral Carcerária resiste na sua missão profética. Esta equipe que visita vai além: denuncia abusos, oferece apoio espiritual, e, sobretudo, restaura dignidades que foram perdidas.

A figura feminina é um chamado profundamente enraizado no Evangelho. Jesus, ao longo de seu ministério, confiou às mulheres grandes revelações e missões. Elas estavam aos pés da cruz, foram as primeiras testemunhas da ressurreição e, ainda hoje, são presença ativa, fiel e transformadora nas comunidades. Lideram pela escuta, pela simplicidade, pela coragem de estar onde ninguém mais quer estar.

Texto por: Magda Fátima e Clecia Azevedo Rocha

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