Ocorreu no último fim de semana, da sexta-feira (09) ao domingo (11) uma série de mobilizações e atos contra os massacres nos presídios e por um mundo sem cárceres. Diversas organizações sociais participaram, entre elas IBCCRIM, Pastoral do Menor, Pastoral Carcerária, AMPARAR, Movimento Negro, Instituto Pro Bono, ITTC, Pastoral da Juventude, NESC e Grupo KILOMBAGEM.
Em São Paulo, a principal atividade foi uma vigília em frente ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, seguida de uma recepção solidária e diálogo com familiares visitantes; além disso, as organizações visitaram as filas da Penitenciária Feminina de Santana, do Fórum da Barra Funda e as mulheres na estação Carandiru a caminho de ver seus familiares encarcerados.
As mobilizações ocorreram porque um ano após o maior ciclo de massacres da história do sistema prisional brasileiro, 2018 começou com novas tragédias nas prisões de Goiás e Ceará, deixando um rastro de corpos e famílias destruídas.
CONFIRA AQUI AS MOBILIZAÇÕES REALIZADAS:
Vozes marcadas pelo cárcere: depoimentos de familiares e egressos sobre o sistema carcerário
Em ato, organizações sociais conversam com egressos e familiares no Fórum Criminal da Barra Funda
Na fila do Carandiru, mulheres contam suas dificuldades para visitar familiares
Porém, longe da atenção do público e da mídia tradicional, o massacre continua a conta-gotas, matando e mutilando presos e presas cotidianamente, tanto mais perverso e cruel quanto mais silencioso e invisível.
Com um crescimento contínuo do número de pessoas presas em condições cada vez mais degradantes – e que já ultrapassou a marca dos 700 mil indivíduos – o aumento da violência e a deterioração das instituições democráticas serão os únicos resultados legados à população brasileira por este processo de encarceramento em massa.
Aos poderosos caberá os grandes lucros do aprisionamento, engordados pelas privatizações, o dividendo político com a manipulação de sentimentos de vingança e a satisfação com a eliminação daqueles sujeitos historicamente indesejáveis: jovens, pobres, negros e negras.
Com o aprofundamento das políticas que por sucessivos governos nos trouxeram até este ponto trágico, como a militarização da gestão pública, a expansão do complexo prisional, o recrudescimento da legislação penal e a privatização dos presídios, o Estado brasileiro – legislativo, judiciário e executivo – deixa claro que a barbárie é o seu projeto e que o encarceramento em massa e o extermínio são seus instrumentos privilegiados de governo.
Um necessário programa de redução imediata e substancial da população prisional, conforme exposto na Agenda Nacional pelo Desencarceramento, apoiada por mais de 40 organizações e movimentos, só será realizado com mobilização e pressão social, tendo as próprias pessoas presas e seus familiares como protagonistas.
- A Agenda Nacional pelo Desencarceramento pode ser acessada aqui