A Pastoral Carcerária, em suas visitas pelas prisões de todo país, vem colhendo depoimentos de pessoas presas no sistema carcerário, que mostram uma pequena fração do que essas pessoas sofrem dentro do cárcere. Os nomes das pessoas presas, assim como os estados onde elas estão, foram omitidos, para evitar a identificação das pessoas e possíveis represálias. Confira abaixo os depoimentos :
“Não tem assistência médica aqui. Me cortei e fiquei dois meses com a ferida aberta, sem dar ponto, sem remédio. O atendimento médico aqui é uma vez por semana, e duas presas são atendidas. Quando eu fui atendida, disseram que não tinha mais o que fazer, tive que esperar a ferida cicatrizar sozinha. O único remédio que nos dão são para dormir e para a ansiedade, todo dia recebemos um copo de plástico com Amytril, Neozine e Rivotril.” – (Presa do sistema carcerário)
“Estou preso há um ano e dez dias em medida de segurança. Fiquei preso por seis anos antes da medida sair, aí fui obrigado a voltar. Já paguei o que tinha de pagar, mas estou preso por tempo indeterminado por conta da medida. (Preso do sistema carcerário)
“Estou há um ano e seis meses presa, não recebo visitas. Estou nessa cela de castigo porque duas mulheres me bateram, depois os agentes me colocaram aqui. Minhas mãos estão inflamadas. Nem médicos nem enfermeiros cuidaram de mim. (Presa do sistema carcerário)
“Hoje é dia de visita, e minha esposa grávida de cinco meses entrou aqui chorando. Ela foi obrigada a fazer cinco agachamentos na hora da revista”. (Preso do sistema carcerário)
“Tenho tuberculose, sou soropositiva, e nunca me me mandam para nenhum mutirão carcerário. Minha saúde é muito frágil, tive pneumonia há pouco tempo. De tratamento de saúde, só recebo o coquetel de remédios, mas precisava de leite e uma alimentação diferenciada. Para me tratar, e por ter uma uma filha pequena que precisa de cuidados, eu quero cumprir minha pena em prisão domiciliar”. (Presa do sistema carcerário)
“Estou preso em medida de segurança, e não faço exames psiquiátricos há seis meses. Quando sai um alvará de soltura aqui, não deixam a pessoa sair e ela continua presa”. (Preso do sistema carcerário)
“Aqui não é um lugar onde deveria ficar gestantes. Médicos e enfermeiros daqui não tem conhecimento com gestante. Quando temos alguma emergência médica, temos que ser escoltadas pela PM, e a PM alega que não tem ninguém para fazer a escolta. Minha prisão domiciliar foi negada. Fiquei oito meses esperando minha audiência, e no dia não pude ir porque não teve escolta. Na maioria das vezes que somos escoltadas, vamos algemadas”. (Presa do sistema carcerário)
“Fiquei preso por quatro anos e oito meses em uma cadeia comum, até sair a medida de segurança. Quando saí, fui preso novamente e estou aqui desde então, mesmo já tendo cumprido o meu tempo”. (Preso do sistema carcerário)
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