Na fila do Carandiru, mulheres contam suas dificuldades para visitar familiares

 Em Combate e Prevenção à Tortura, Notícias

Pessoas de diferentes organizações sociais, como Pastoral Carcerária, Defensoria Pública e ITTC, realizaram na noite dessa sexta-feira (09) uma conversa com familiares na estação Carandiru, que se dirigiam a outras cidades visitar seus familiares nas prisões. A esmagadora maioria da fila era composta de mulheres, que, dentre outras questões, denunciaram as intervenções do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) nas prisões, as revistas íntimas, que apesar da instalação de scanners ainda ocorrem às vezes e as péssimas condições que os seus familiares presos sofrem na prisão.
O preconceito que familiares sofrem para visitar seus entes na prisão também foi trazido à tona. Um caso que afeta várias pessoas é o da cidade de Avanhadava: o prefeito impediu que os familiares que visitam o presídio se hospedem no município, medida que em si é ilegal.
Mas o preconceito ocorre na prisão também, e o custo de viajar para visitar alguém preso é alto para as familiares. “Eu trabalho, mas meu patrão não pode sonhar que sou mulher de alguém que está preso. Tenho um filho que preciso sustentar. Não levo meu filho para visitá-lo por causa da revista. Melhorou com o scanner, mas não quero que ele passe por isso. Já sonhei com a mulher que me revistava me olhando com aquela cara de maldade. Eles não se importam com a gente. Não tenho condições de pagar advogado, senão ele estaria livre. Cada viagem para o presidio custa 400 reais, porque preciso preparar o jumbo para ele. Só vou uma vez por mês por causa disso. A prisão é um lugar sujo, com comida ruim. Não recupera ninguém. Quem recupera somos nós, a família, dando apoio”, afirmou uma das mulheres na fila.
Outras questões, como o atendimento precário de saúde, também foram mencionados.
Outras mobilizações 
Na manhã deste sábado (10), as organizações engajadas na mobilização contra os massacres no sistema prisional e pelo fim dos cárceres visitaram a fila de visitas da Penitenciária Feminina de Santana (PFS), para dialogar com os familiares e saber quais são os maiores problemas relacionados ao cárcere feminino.
A PCr do MS também realizou uma via-sacra no Estabelecimento Penal Masculino de Coxim neste sábado, como parte das mobilizações.
E às 22 horas de hoje, terá início em frente ao CDP de Pinheiros uma vigília com as/os familiares da fila de visitas.
 
 

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