
“Tu és a minha esperança” (cf. Sl 71,5) é o lema escolhido pelo Papa Leão XIV para a celebração da nona Jornada Mundial dos Pobres. Partindo dos sentimentos do salmista, ele nos provoca e convida a refletir sobre como o pobre pode tornar-se uma poderosa testemunha da esperança, justamente porque ela nasce em condições de vida precárias, marcadas por privações, fragilidade e marginalização. O pobre não conta com as seguranças do poder ou do ter; ao contrário, sofre as consequências dessas estruturas e, muitas vezes, é vítima delas.
Por isso, dos pobres aprendemos a passar das esperanças que passam para a esperança que permanece, pois eles nos ajudam a compreender que a única verdadeira riqueza é Deus. Neste sentido, compreendemos com maior profundidade as palavras de Jesus aos seus discípulos: “Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam” (Mt 6,19-20).
Há ainda uma observação profunda feita pelo Papa Leão XIV ao citar o Papa Francisco: a maior pobreza é não conhecer a Deus. A partir disso ele afirma que a maior discriminação contra os pobres é privá-los de um cuidado espiritual, porque “eles têm necessidade de Deus e não podemos deixar de lhes oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e amadurecimento na fé”.
Entre os pobres, existem aqueles que são ainda mais pobres porque permanecem esquecidos e inviabilizados, tanto pelas autoridades civis quanto pela própria comunidade cristã, que, por meio de rótulos, preconceitos e moralismos, acaba condenando-os ainda mais, silenciando, invisibilizando e empurrando-os para o esquecimento e o apagamento. Esse é o submundo do cárcere, habitado pelos privados de liberdade e suas famílias — transformados em bodes expiatórios por uma sociedade que perdeu, em muitos aspectos, o sentido da humanidade.
Aqui ressoam com força as palavras do evangelista João: “Se alguém disser: ‘Eu amo a Deus’, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4,20).
O convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história. De fato, a caridade é “o maior mandamento social”. A pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas. À medida que avançamos nessa direção, somos chamados a criar novos sinais de esperança que testemunhem a caridade cristã, como fizeram, em todas as épocas, tantos santos e santas.
Também hoje somos convocados, como Igreja, a continuar a profecia e a intuição de tantas testemunhas que deram a vida sustentando e promovendo a esperança de um mundo mais humano, fraterno e sororal. Por isso, o Papa Leão lembra com firmeza:
“Os pobres não são um passatempo para a Igreja, mas os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência, com as suas palavras e com a sabedoria que traz, nos conduz a tocar com as mãos a verdade do Evangelho.”
Daí nasce o significado profundo do Dia Mundial dos Pobres: recordar às nossas comunidades que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral, por meio de suas vozes, de suas histórias e de seus rostos, porque Deus assumiu a sua pobreza para nos tornar ricos. Todas as formas de pobreza, sem excluir nenhuma, são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança.
Os pobres não são objetos de nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje. Ao promover o bem comum, nossa responsabilidade social encontra fundamento no gesto criador de Deus, que destinou a todos os bens da terra; assim como eles, também os frutos do trabalho humano devem ser igualmente acessíveis. Ajudar os pobres é, portanto, antes de tudo, uma questão de justiça — muito antes de ser uma questão de caridade.
Como Pastoral Carcerária, concluímos que nossa ação pastoral, além de espiritual, é uma questão de justiça e um gesto concreto de caridade que nos leva a realizar o próprio programa de vida de Jesus: um mundo sem cárceres.
Coordenação da Pastoral Carcerária Nacional