Inspirada pela Campanha da Fraternidade de 1997, “Fraternidade e os encarcerados”, que teve por lema “Cristo liberta de todas as prisões”, a Pastoral Carcerária do Pará realiza desde aquele ano o Círio de Nossa Senhora de Nazaré nas unidades prisionais daquele estado, permitindo que os presos manifestem a devoção junto à imagem peregrina.
A iniciativa sempre tem o apoio e a participação da Arquidiocese de Belém e a colaboração da Superintendência do Sistema Penal do Pará (Susipe).
O Círio de Nazaré é comemorado em outubro no Pará e nas semanas que o antecedem a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré é levada a diferentes locais. Segundo o Diácono Ademir da Silva, coordenador da Pastoral Carcerária no Pará, a ida da imagem peregrina às unidades prisionais “tem levado aos encarcerados, de forma antecipada, a emoção vivida por toda comunidade católica paraense no segundo domingo do mês de outubro”.
O Diácono recordou, ainda, as palavras que um preso que disse emocionado a Dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém. “Lá fora, nunca consegui chegar perto da imagem peregrina e hoje, ela veio até mim aqui na prisão”.
Também segundo o Diácono Ademir, “essa peregrinação da imagem nas casas penais e nos centros de acolhimento de menores é uma forma de se levar aos nossos irmãos encarcerados o amor de Maria, que ama a todos indistintamente, Ela, da mesma forma que esteve ao lado de seu filho Jesus por toda a vida, especialmente aos pés da cruz, permanece agora com todos nós, incluindo-se aí a comunidade carcerária, também seus filhos e filhas nas provações do dia a dia, os quais têm manifestado suas emoções de forma cada vez mais forte”.
As devoções de fé da pessoa presa
“(…) As pessoas tendem a buscar fortemente algo que as possa sustentar espiritualmente ou, até mesmo, para ser uma espécie de passatempo, apesar de a pessoa presa, de um modo geral, ser religiosa. Por outro lado, a Igreja Católica é a mais aceita, inclusive é a religião em que as pessoas presas mais se apoiam, mesmo pertencendo a outra experiência religiosa. Isso se dá pelo reconhecimento do trabalho da Pastoral Carcerária que, por seus projetos e apoios no social, jurídico ou evangélico, vem sendo um diferencial para o sistema prisional. Apesar de todo o trabalho evangélico dos agentes, as devoções populares se constituem como algo muito forte entre as pessoas presas. Assim, é muito importante para elas o terço, a Bíblia, um santinho, um crucifixo, uma medalhinha, mas não o seu sentido em si. Esses são tidos mais como espécie de amuletos protetores, como se pudessem trazer-lhes proteção e/ou força necessária para suportar as dores, as faltas ou as situações de injustiças existentes no sistema prisional brasileiro” (Manual ‘Agentes da Pastoral Carcerária – Discípulos e Missionários de Jesus Cristo’, página 24).