A Páscoa, na sua origem hebraica, foi a libertação do povo hebreu do Egito, tendo a liderança de Moisés. Esta experiência do povo oprimido já basta para que, hoje, ela seja celebrada como impulso e mobilização para se combater toda forma de opressão, escravidão e prisão.
Na Páscoa, cristãs e cristãos fazem memória do Povo de Deus que se libertou do Egito e, sobretudo, proclamam a Vida a partir da Paixão de Jesus, assassinado em Jerusalém após ser encarcerado e condenado pelos poderes da época – Império Romano e Templo –, vencendo, apesar disso, a morte e manifestando a sua natureza também divina.
O tempo pascal fundamenta nossa fé; esta fé que comporta a crença na divindade de um pregador pobre, jovem, humilde e com um projeto de vida orientado para “… anunciar a Boa-Nova aos pobres: proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos” (cf. Lc 4, 18). Por causa desse projeto de vida, Jesus subverteu a ordem e foi perseguido como subversivo pelas elites de seu tempo.
O povo hebreu na escravidão teve Moisés como o libertador. Ele o conduziu, passando pelo deserto até à terra prometida.
Jesus de Nazaré tornou-se o Caminho; a Páscoa definitiva. Caminhou lado a lado com as pessoas marginalizadas, estigmatizadas e violentadas de seu tempo. Esteve junto com aquelas e aqueles apedrejados pelo senso comum do punitivismo. Jesus caminhou com o povo da escravidão, e de toda forma de opressão e de pecado, para a Libertação. A Salvação!
No percurso de libertação da escravidão do Egito, caminhando pelo deserto e vivendo horas de angústia e dúvida, Moisés e as mulheres e homens de Israel contaram a todo momento com a intervenção Divina, que sempre, viu, escutou e desceu para caminhar com seu Povo: o maná do céu, a água extraída da pedra e a Tábua da Lei.
No caminho de dor e sofrimento após a condenação de Jesus, o Pai lhe enviou Verônica para enxugar o suor e as lágrimas; Cireneu para lhe ajudar a carregar a Cruz; e, ao seu lado, quando já estava crucificado, um preso e igualmente condenado à morte para adentrar ao seu lado no Paraíso. Durante toda a sua passagem na terra, para confortar e fortalecer Jesus, inclusive durante a cruz e até a subia aos céus, Deus-Pai também lhe enviou Maria, sua mãe, que em nenhum momento deixou de estar ao lado de seu filho.
Hoje, as nossas irmãs e irmãos que passam pela opressão e pela humilhação do cárcere podem encontrar nas/os agentes da Pastoral Carcerária, presença da Igreja nas prisões, a solidariedade da Verônica que os escuta e os conforta; a ajuda de Cireneu que busca aliviar o peso e o flagelo do cárcere; e, em Maria, Mãe de Jesus, o testemunho de Fé e de Esperança para superar todas as prisões até a chegada de um mundo onde a misericórdia de Deus seja a Lei e a Justiça, onde não mais existirá cativos e presos mas todas e todos vivendo como irmãs e irmãos guiados pela lei do Amor e da Solidariedade.
Que a Páscoa nos inquiete frente às injustiças!
Que a Páscoa nos inquiete frente às violências!
Que a Páscoa nos inquiete para sempre buscar a Paz que é fruto da Justiça!
Inquietante e fraterna Páscoa a todas/os as/os agentes da Pastoral Carcerária!
Inquietante e fraterna Páscoa, irmãs e irmãos encarcerados!
Continuamos juntas e juntos, com fé e esperança, construindo o Mundo sonhado por Deus, o Mundo sem Cárcere!
Pastoral Carcerária Nacional