Em visita à Casa de Detenção de Castrovillari (Cosenza), na Itália, em 21 de junho, o papa Francisco exortou que os presos sejam perdoados e reinseridos na sociedade.
“Nas reflexões que se referem aos prisioneiros ressaltam-se muitas vezes a temática do respeito pelos direitos fundamentais do homem e a exigência de condições correspondentes de expiação da pena. Sem dúvida, este aspecto da política penitenciária é essencial e, a tal propósito, a atenção deve permanecer sempre alta. Contudo, esta perspectiva ainda não é suficiente, se não for acompanhada e completada com um compromisso concreto por parte das instituições, em vista de uma reinserção real na sociedade (cf. Bento XVI, Discurso aos participantes na 17ª Conferência dos Directores das Administrações penitenciárias do Conselho da Europa, 22 de Novembro de 2012)”, manifestou.
Sobre o perdão às pessoas presas, Francisco lembrou que “quando nos perdoa, Deus acompanha-nos e ajuda-nos ao longo do caminho, sempre! Até nas pequenas coisas! Quando nos confessamos, o Senhor diz-nos: “Perdoo-te, mas agora vem comigo!”. E Ele ajuda-nos a retomar o caminho. Nunca condena! Jamais perdoa apenas, mas perdoa e acompanha. Contudo, nós somos frágeis e devemos voltar a confessar-nos, todos! Mas Ele não se cansa e pega sempre na nossa mão! Este é o amor de Deus, e nós devemos imitá-lo! A sociedade deve imitá-lo, percorrendo este caminho”.
A visita à Casa de Detenção foi o primeiro ato do Papa durante a visita pastoral à região de Cassano, no sul da Itália. “O primeiro gesto da minha visita pastoral é o encontro convosco, nesta casa de detenção de Castrovillari. Deste modo, gostaria de manifestar a proximidade do Papa e da Igreja a cada homem e mulher que se encontra na prisão, em qualquer parte do mundo”, afirmou.
Abaixo segue a íntegra do discurso do Papa:
Discurso do papa Francisco na visita aos presidiários, familiares e funcionários da Casa de Detenção de Castrovillari (Cosenza)
Sábado, 21 de Junho de 2014
Amadas irmãs e irmãos,
O primeiro gesto da minha visita pastoral é o encontro convosco, nesta casa de detenção de Castrovillari. Deste modo, gostaria de manifestar a proximidade do Papa e da Igreja a cada homem e mulher que se encontra na prisão, em qualquer parte do mundo. Jesus disse: “Eu estava na prisão e fostes visitar-me” (Mt 25,36).
Nas reflexões que se referem aos prisioneiros ressaltam-se muitas vezes a temática do respeito pelos direitos fundamentais do homem e a exigência de condições correspondentes de expiação da pena. Sem dúvida, este aspecto da política penitenciária é essencial e, a tal propósito, a atenção deve permanecer sempre alta. Contudo, esta perspectiva ainda não é suficiente, se não for acompanhada e completada com um compromisso concreto por parte das instituições, em vista de uma reinserção real na sociedade (cf. Bento XVI, Discurso aos participantes na 17ª Conferência dos Directores das Administrações penitenciárias do Conselho da Europa, 22 de Novembro de 2012). Quando se descuida esta finalidade, a execução da pena degrada-se a um instrumento unicamente de punição e retorsão social, por sua vez prejudicial para o indivíduo e para a sociedade. Mas Deus não age assim em relação a nós. Quando nos perdoa, Deus acompanha-nos e ajuda-nos ao longo do caminho, sempre! Até nas pequenas coisas! Quando nos confessamos, o Senhor diz-nos: “Perdoo-te, mas agora vem comigo!”. E Ele ajuda-nos a retomar o caminho. Nunca condena! Jamais perdoa apenas, mas perdoa e acompanha. Contudo, nós somos frágeis e devemos voltar a confessar-nos, todos! Mas Ele não se cansa e pega sempre na nossa mão! Este é o amor de Deus, e nós devemos imitá-lo! A sociedade deve imitá-lo, percorrendo este caminho.
Por outro lado, uma verdadeira e plena reinserção da pessoa não acontece como termo de um percurso puramente humano. Deste caminho também faz parte o encontro com Deus, a capacidade de nos deixarmos olhar por Deus que nos ama. É mais difícil deixar-se olhar por Deus, do que olhar para Ele. É mais difícil deixar-se encontrar por Deus, do que encontrá-lo, porque em nós existe sempre uma resistência. Ele espera-nos, olha para nós e procura-nos sempre. Este Deus que nos ama é capaz de nos compreender, capaz de perdoar os nossos erros. O Senhor é um Mestre de reinserção: pega-nos pela mão e volta a inserir-nos na comunidade social. O Senhor perdoa sempre, acompanha sempre, compreende sempre; quanto a nós, devemos deixar-nos compreender, deixar-nos perdoar, deixar-nos acompanhar.
Desejo a cada um de vós que este tempo não seja perdido, mas possa constituir um período inestimável, durante o qual pedir e obter esta graça de Deus. Agindo deste modo, contribuireis para melhorar, em primeiro lugar a vós mesmos, mas ao mesmo tempo também a comunidade, pois no bem e no mal os nossos gestos influem sobre os outros e sobre toda a família humana.
Neste momento, quero dirigir um pensamento carinhoso aos vossos familiares; que o Senhor vos conceda voltar a abraçá-los com serenidade e paz.
Finalmente, dirijo um encorajamento a todos aqueles que trabalham nesta Casa: aos dirigentes, aos agentes de polícia penitenciária e a todo o pessoal.
Abençoo-vos a todos de coração, enquanto vos confio à salvaguarda de Nossa Senhora, nossa Mãe. E, por favor, peço-vos que rezeis por mim, porque também eu cometo erros e devo fazer penitência. Obrigado.
Papa Francisco