O coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir João Silveira, concedeu entrevista ao jornal O Globo, na segunda-feira, 25 de novembro, na qual opinou que os visitantes dos presos do Mensalão não devem ter privilégios em relação aos demais familiares de pessoas encarceradas no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Segundo o padre, todos precisam conhecer a realidade carcerária do Brasil, marcada, entre outros aspectos, pela prática da revista vexatória. “Todos deveriam passar pelas revistas, para que os amigos deputados, senadores e até ministros vejam como são os presídios no Brasil. E que passem também por revista vexatória por que todos os familiares de presos passam. Eles ficam despidos e examinados em situação humilhante. Que sintam o que milhares de pessoas sentem ao visitar seus parentes”, afirmou.
O coordenador nacional da PCr, citando dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), lembrou que 40% da população carcerária do país aguardam julgamento presa; e que cerca de 20 mil condenados no regime semiaberto estão presos em regime fechado. “É uma situação absurda. O acesso a uma defesa justa e em liberdade deveria ser para todos, não para poucos. Deixa-nos indignados”.
Padre Valdir garantiu que a Pastoral Carcerária não foi procurada por advogados ou familiares dos condenados do Mensalão. “O alvo da Pastoral são os que mais necessitam. Todos os presos sofrem, e somos solidários à defesa dos direitos das pessoas presas no episódio do Mensalão”.
O sacerdote avaliou que é direito do ex-presidente do PT, José Genoino, ter atendimento à saúde e deixar o presídio para receber tratamento adequado, mas lamentou que esse mesmo procedimento não ocorra com todos os presos doente. “Não vejo privilégios para o Genoino. A questão é que esse é um tratamento para poucos, e deveria ser para todos. Praticamente não existe atendimento médico nas prisões brasileiras”.