Missão Ad Gentes: A Pastoral Carcerária como Porta de Esperança

 Em Igreja em Saída, Notícias

Outubro é o mês das missões. É tempo de lembrar que a Igreja existe para anunciar, para sair, para ir ao encontro. A missão ad gentes — essa missão que vai além das fronteiras — não é algo distante, reservado a outros. Ela acontece aqui, entre nós. Acontece, de modo muito concreto, no coração da Pastoral Carcerária.

A Pastoral Carcerária é, por excelência, uma presença missionária. Ela atravessa muros, supera medos, cruza portas de ferro e entra em territórios marcados pela dor, pelo esquecimento e pela exclusão. Lá dentro, onde muitos perderam a esperança, a Pastoral encontra Jesus Cristo — de quem se aproxima, não apenas com palavras, mas com gestos de escuta, acolhida, compaixão e ternura.

Foi assim que Jesus viveu sua missão. Na sinagoga de Nazaré, proclamou um “ano favorável da parte do Senhor” para todos. E continua hoje, através de seus discípulos e discípulas, a inclinar-se sobre cada pobre, cada ferido, cada homem e mulher que sofre atrás das grades, derramando sobre suas feridas o óleo da consolação e o vinho da esperança.

A missão ad gentes não é apenas geográfica. É também existencial. E o cárcere é, hoje, um dos territórios mais urgentes dessa missão. Ali, a Igreja missionária é chamada a caminhar com Jesus pelas estradas do sofrimento humano, ouvindo o grito silencioso de quem foi esquecido. A Pastoral Carcerária está nesse lugar como sinal vivo do Coração de Cristo — que não fecha portas, mas as abre.

Por isso dizemos: a Pastoral Carcerária é uma porta de esperança. Porque onde a sociedade vê apenas castigo, a Igreja é chamada a ver dignidade. Onde muitos veem apenas números, a Pastoral enxerga pessoas.

E essa esperança não nasce de estratégias humanas, mas da oração. Como dizia o Cardeal Van Thuan, “quem tem esperança, reza”. Foi essa esperança orante que sustentou sua fé no cárcere, e é ela que sustenta cada agente pastoral no seu serviço.

E não podemos esquecer Maria, que ficou firme diante do Filho aprisionado, torturado e morto — porque acreditava na Ressurreição e na vida plena. A Ela confiamos nosso sonho: o sonho de um mundo sem exclusões, sem reclusões desumanas, sem muros de ódio e violência. Um mundo onde reine a fraternidade e a amizade social.

A missão ad gentes tem um rosto concreto: o rosto de cada agente da Pastoral Carcerária que, ao atravessar as grades, abre também a porta de Cristo. Que possamos continuar sendo essa porta viva de esperança — dentro e fora dos cárceres — testemunhando que o amor de Deus chega a todos, inclusive e especialmente aos que foram esquecidos.

Coordenação da Pastoral Carcerária Nacional

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