A Pastoral Carcerária tem novos agentes na Diocese de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Eles são da Paróquia Santo Antônio, na cidade de Paranaíba (MS), e participaram, em 18 de junho, de um primeiro encontro de formação, recebendo o certificado de conclusão, que lhes dá direito ao credenciamento junto à Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen-MS) para visita aos cárceres.
Com a realização do curso também foi oficialmente implementada a Pastoral Carcerária na Paróquia Santo Antônio da Diocese de Três lagoas (MS), que estará sob a responsabilidade do jovem Antoniel de Oliveira.
O encontro foi iniciado com um momento de oração e espiritualidade, conduzido pelo Padre Luiz Carlos Mariano, coordenador diocesano da Pastoral Carcerária.
Zilda Maria Nação, coordenadora da PCr do Mato Grosso do Sul, falou sobre os desafios a serem enfrentados ao longo do trabalho pastoral, incluindo até as discriminações vindas da própria família. Também destacou ser importante identificar as pastorais correlatas de cada membro formando.
Um estudo sobre a Mística da Pastoral Carcerária, com base no livro “Formação para Agentes da Pastoral Carcerária” também foi realizado, convidando cada participante a expor seu entendimento sobre a questão, com esclarecimentos sobre a superlotação carcerária, reinserção social dos egressos e o desejo de um mundo sem prisões.
Os participantes socializaram suas considerações em relação ao posicionamento da sociedade frente à questão prisional, incluindo fatores como a carga estressante a que são submetidos os agentes prisionais, as condições sub-humanas dos presos, a legislação que não atende as demandas do cárcere.
Zilda mencionou que a Pastoral tem tido abertura de diálogo com a Agepen-MS, especialmente com o diretor Ailton Stroppa, o qual solicitou a presença da Pastoral Carcerária nos cursos de capacitação para agentes penitenciários do estado, em Dourados (MS), com a presença do bispo local, Dom Redovino Rizzardo, em 14 de julho; e na segunda etapa do curso, já marcada para 4 de agosto, em Campo Grande (MS), com a aula motivacional com o tema “Humanização do Atendimento no Cárcere”, a ser ministrada por Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande.
Entendendo a ação da PCr e o direito dos presos
Durante a formação, foi feito o estudo detalhado do subsídio da PCr, além de textos bíblicos, como o de Oseias 6,6; São João 10, 1-15; Lucas 4, 18-19; e Lucas 23, 40-4; além da leitura e reflexão da carta do Papa Francisco aos participantes do XIX Congresso Internacional de Direito Penal da Associação Latino –Americana, na qual o Pontífice discorre sobre as prisões.
Cada grupo partilhou reflexões sobre a misericórdia do Pai Misericordioso, que acolhe abraça e devolve à dignidade da pessoa, no sentido de que todos devem se ver como irmãos para, assim, exigir a justiça social equânime para o cárcere.
Foi ainda apresentado um vídeo motivacional, seguido de reflexão e da apresentação do vídeo dos piores presídios do Brasil, e outro vídeo falando da situação da estrutura prisional de Mato Grosso do Sul. Houve, ainda, a apresentação de outro vídeo formativo, no qual o coordenador nacional da PCr, Padre Valdir João Silveira, apresenta orientações gerais sobre os procedimentos e parâmetros a serem adotados para capacitação dos agentes de pastoral.
Discutiu-se, ainda, o tema dos direitos humanos, a partir do subsidio “o que são direitos humanos”. Padre Ivanilton Ferreira da Silva relatou sobre a fundamentação bíblica dos direitos humanos e destacou sobre a importância do seguimento na defesa da vida. Zilda reforçou que se deve colocar a defesa dos direitos humanos do apenado como uma das bandeiras de atuação da Pastoral Carcerária.
Houve, ainda, a leitura da Resolução que Regulamenta a visita religiosa nos cárceres e um estudo sobre a Formação Cristã nos Cárceres, baseada nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015. Foram solicitadas, durante a explanação, informações sobre o sentido da Eucaristia ministrada aos presos. Padre Luís enfatizou que é fundamental preparar bem a comunhão, com orientações sobre Catequese e Batismo. Também se alertou sobre o cuidado com a prática religiosa nas prisões, para que não se force ninguém a participar de momentos de espiritualidade como a reza do Terço e as devoções pessoais. Frisou-se, também, a importância da escuta a cada presa.
Padre Luís informou sobre recentes inconvenientes das visitas da Pastoral na prisão de Três Lagoas, que têm ocorrido quando os presos estão nas celas ou no dia das visitas familiares, sob a alegação da direção de que é por razões de segurança. Durante o encontro, o Sacerdote também comentou sobre a inoperância do conselho da comunidade de Brasilândia, lembrando que o atendimento prestado pelo Estado fica muito distante das condições mínimas elencadas como direitos sociais.
Antes do término do encontro, Zilda orientou sobre a montagem da equipe da Pastoral Carcerária, explicou o passo a passo das visitas aos presos e de celebrações nos cárceres e se falou, ainda, da temática da Pastoral de Conjunto, pela qual se incentiva a simetria do trabalho com as pastorais sociais e movimentos já existentes na Paróquia, tais como Pastoral da Criança, Renovação Carismática Católica, Pastoral Familiar, Pastoral do Batismo, Vicentinos entre outras, para que através de ações conjuntas e de formas distintas se desenvolva a evangelização no cárcere, e também a necessidade de se manter forte diante das eventuais criticas e dificuldades que possam sobrevir na evangelização nas prisões.
Participaram do encontro: Padre Luís Carlos Mariano, Monica Pereira da silva, Zélia da Silva Santos, Geracina Gonçalves de Oliveira, Aparecido Gomes Batista, Dirce Alves da Silva, Antoniel de Oliveira, Maria Aparecida de Jesus Santos, João Paulo Pereira de oliveira, Delza Elias Prata, Maria Tiago Cambuí, Maria Cleonildes Alves, Maria Aparecida de Freitas, Ângela da Silva, Ângela da Silva Dias, Rodrigo Fernandes Cerqueira, Luiz Carlos Ruggiano, Padre Ivanilton Ferreira da Silva, Eduardo Nakao, Zilda Maria Nação e Silvio de Oliveira.
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