As cadeias de Minas Gerais têm 20% a mais de presa do que há cinco anos, totalizando quase 3 mil encarceradas, segundo informação veiculada pelo jornal Estado de Minas, em uma série de reportagem sobre a condição das mulheres encarceradas no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano; no Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves; e no Presídio Alvorada, em Montes Claros.
“Amores bandidos, a ilusão de dinheiro fácil ou a presença no lugar e hora errados as separaram de suas famílias”, consta em trecho da reportagem “Presas à família e ao passado deixado de fora da cela, detentas são cada vez mais numerosas nas cadeias”.
Segundo a reportagem, das 2.965 mil presas no estado, 1.728 ainda não foram julgadas. As mulheres perfazem 5,51% do total de encarcerados nas 142 unidades prisionais mineiras, segundo a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi).
Os dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostram que a maior parte delas, 43,94%, está presa por tráfico de drogas. O crime de roubo vem na sequência: 12,93%, seguido de furto (10,79%) e homicídio (6,69%).
“A maior parte dessas mulheres está presa por crimes ligados a entorpecentes. A prisão é o momento em que elas sofrem o abandono do companheiro. Muitas vezes, só recebem visita da mãe. Notamos que o perfil é de mulheres que têm mais de dois filhos menores, baixa escolaridade e cometeram crimes de menor gravidade”, detalhou, à reportagem, Maria de Lourdes de Oliveira, coordenadora estadual da Pastoral Carcerária. Quase metade das presas tem entre 18 e 29 anos, cor parda e ensino fundamental completo. Apenas 0,72% tem superior completo.
Ainda segundo a reportagem, “recentemente, a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República publicou diretrizes negociadas com os estados para melhorar o atendimento às detentas no país. O resultado, segundo a secretária-adjunta de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Rosângela Rigo, deve aparecer a longo prazo, mas é uma forma de orientar os governos estaduais sobre o que é preciso fazer. ‘Ainda precisamos garantir atendimento adequado, como humanização e assistência jurídica, e também melhorar as ofertas de oportunidades na saída, para que elas sejam reinseridas na sociedade em melhores condições’, afirmou”.