“A visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo.”
(Papa Francisco)
Caras irmãs e irmãos,
Viemos por meio desta carta convidá-las para participarem da 2º Jornada Mundial dos Avós e dos Idosos, promovida pela Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) e pela Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Esta é a segunda vez que a Igreja Católica celebrará o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O Papa Francisco instituiu a comemoração no ano passado, que é celebrada no quarto domingo de julho – dia 24, próximo ao dia de Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus.
O tema escolhido para 2022 é um convite a reconsiderar e valorizar os avós e os idosos, tão frequentemente deixados às margens das famílias, das comunidades civis e eclesiais: “Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15). A experiência de vida e de fé deles pode contribuir para construir sociedades conscientes das suas próprias raízes e capazes de sonhar um futuro mais solidário.
Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário geral da CNBB, enviou uma carta a todos os bispos e arcebispos do país, solicitando o empenho na promoção da celebração.
Segundo o Papa Francisco, “a visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo.” O Cardeal De Donatis, vigário geral de Sua Santidade para a diocese de Roma, escreveu aos párocos da diocese e a todas as pessoas de idade avançada que moram em Roma: “Exorto vocês a visitar os idosos em casa ou nas casas de repouso. Esses simples gestos de atenção, realizados com amor e caridade pastoral, dão coragem e luz a tantas pessoas sozinhas.”
No nosso cotidiano profético de Pastoral Carcerária, estamos sempre em contato com pessoas idosas, sejam pessoas presas, sejam familiares de pessoas presas, sejam agentes da Pastoral Carcerária. Segundo dados do Infopen, até dezembro de 2021 havia 4.070 pessoas idosas privadas de liberdade.
Ao adentrar o cárcere em nossa visita pastoral, encontramos jovens que residem com suas avós e que tem seus filhos e filhas vivendo esta mesma experiência. Escutamos dele/as frases tão comuns quanto as que escutamos aqui, fora do cárcere, de muitos jovens: “minha avó me avisou,” “eu sei que minha avó está sofrendo,” “saudades da comidinha e do carinho da vó,” “ainda bem que eu tenho a avó que reza por mim,” “não quero que minha avó venha me visitar na prisão, não, é muita humilhação.”
Conversando com uma jovem privada de liberdade sobre as orações diárias, ela me disse: “minha avó me ensinou a rezar … o sinal da cruz, o Pai Nosso, a Ave Maria, o Credo, a Salve Rainha e outras, que ao longo da vida fui deixando de lado, mas que ficaram gravadas na minha mente e no coração, e hoje, aqui, na prisão, eu sei que o único caminho para onde podemos ir é a oração”.
Por isso, convidamos a todas e todos para participarem da 2º Jornada Mundial dos Avós e dos Idosos, para que nos atentemos às violências sofridas pelas pessoas idosas que experienciam o sistema prisional brasileiro, extremamente mortífero e torturante; para que visitemos as pessoas idosas encarceradas, as pessoas idosas que têm filhas e netas encarceradas e as agentes idosas da PCr; e para que juntas possamos nos unir contra a crueldade das opressões sofridas pelos idosos na prisão.
Paz e bem,
Pastoral Carcerária Nacional
