A Pastoral Carcerária para a Questão da Mulher Encarcerada realizou no dia 09 de dezembro a última reunião do ano de 2021, com as coordenadoras estaduais.
Mais um ano de trabalho concluído, e mesmo com a pandemia, pudemos dar continuidade nos encontros, reunindo-nos mensalmente para trocas de informações, formações e muita escuta, não só acerca do que constitui o mundo do cárcere feminino e as ações pelas agentes realizadas nesse tempo pandêmico, mas também de nos olhar como pessoas partícipes desse processo. Nesta reunião, houve momentos de muita escuta, partilha e empatia.
Nos relatos das pessoas presentes, acerca do trabalho que foi possível realizar na Pastoral em cada estado, seja junto aos familiares das mulheres encarceradas e de instituições parceiras, ou na entrega de kits higiênicos, máscaras, mensagens destinadas às mulheres encarceradas, para que elas não se sentissem abandonadas, a Pastoral de alguma forma se fez presente.
Oração e luta continuam sendo ferramentas constantes, indispensáveis, ou seja, a Pastoral não parou suas atividades na pandemia e “mesmo com as perdas de pessoas próximas, entes queridos e dos próprios agentes da Pastoral, fomos nos reinventando, nos adequando”. “Houve trabalho em equipe, solidariedade, isso nos fortaleceu”.
Nesses últimos meses e com muitas restrições, algumas unidades prisionais estão permitindo as visitas presenciais e a missão vai aos poucos se completando.
O desencarceramento e as ações dedicadas pelos membros da Pastoral a esse fim vem na perspectiva de acabar com o sofrimento e torturas sofridas por tantas mulheres nas intermináveis prisões de nosso país, que arrastam consigo nesse suplício os familiares.
Realizou-se uma dinâmica intitulada Árvore do desencarceramento, onde cada participante falaria o que para ela significa, ou qual o sentido de desencarcerar, seja em uma ação ou emoção, um sentimento de poder ou algo que mais remete a liberdade.
Tais palavras seriam os frutos dessa árvore, como nos lembra a passagem de Mateus 7,15-20. As palavras citadas foram: assumir o chamado com confiança, coragem, amor, apoio, esperança, perseverança, sabedoria e Deus; para que a libertação integral de todas as mulheres encarceradas aconteça. Nossa luta é pela liberdade!
Lembrando sempre da postura profética no cumprimento da nossa missão junto às mulheres encarceradas, sobreviventes, suas filhas/os e familiares.
Ao findar esse encontro revigoradas na fé, fazemos memória das vítimas da COVID-19, de nosso país e da PCr, em especial, trazemos presente nossa companheira de caminhada, Edna Vilma de Souza, da Diocese de Itabira/Coronel Fabriciano, atuando também na Coordenação Colegiada da PCr para Questão da Mulher Encarcerada de MG, “que nos deixou e voltou a florir o jardim de Deus”.
A partir das palavras da árvore, fez-se um poema que segue!
Autoria: Clariane Santos
DEUS nos fez um CHAMADO
De LIBERTAÇÃO e de AMOR
Visitar e cuidar de mulheres
Com SABEDORIA e primor
Por muitos foram julgadas
Por muito/as são esquecidas
Mas é Deus quem dá CORAGEM
E CONFIANÇA da qual se precisam.
Vá a LUTA com PERSEVERANÇA
E não pense nunca em desistir
Trilharás por caminhos tortuosos
Mas tu não irás se ferir
Oh Deus Pai de todos os seres vivos
Pai de Ruth, Marta e Maria
Olhai por cada agente da Pastoral Carcerária
Que nas celas das prisões fazem visitas
Conceda-nos, oh Deus o teu APOIO
Para que não nos falte a ESPERANÇA
De um dia justiça ser sinônimo de LIBERDADE
Pois a tua infinita misericórdia nos alcança
Vamos a LUTA com PERSEVERANÇA
E não pensemos nunca em desistir
Trilharemos por caminhos espinhosos
Mas sem nunca nos ferir
Sejamos com Maria e as Marias nos cárceres
Rumo a um mundo mais justo e melhor
Buscando o sonho de Deus
Que aos pequeninos intercede em seu favor
Frutífero seja o plantio
E abençoado o desenvolvimento
De toda a Pastoral Carcerária
Por esta ÁRVORE DO DESENCARCERAMENTO.
Amém!