Por Rosilda Ribeiro
No dia 8 de maio de 2023, das 14h às 18h, no auditório do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campo Grande (MS), aconteceu uma reunião privada da Sociedade Civil com a Sra. Alice Wairimu Nderitu, Subsecretária Geral e Conselheira Especial de prevenção de Genocídio da ONU, facilitada pela Aty Guasu Kaiowá e Guarani e suas organizações tradicionais, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a ACT Alliance.
O objetivo da visita foi avaliar e explorar oportunidades para avançar na prevenção de crimes atrozes e na proteção de grupos vulneráveis no Brasil. Por essa razão, a Conselheira Especial encontrou-se com organizações da sociedade civil que trabalham com a proteção de grupos vulneráveis, em especial os povos indígenas do Mato Grosso do Sul, de modo a contribuir com suas consultas junto à sociedade civil.
A reunião contou com dois momentos de discussão: 1º – apresentação de situações de Povos Indígenas e/ou outros casos que possam requerer a atenção do mandato da Conselheira Especial, e estavam presentes os Povos Kinikinau, Terena, Karipuna e Chiquitano, e entre outros assuntos foi trazida a situação dos migrantes no MS, os indígenas no contexto urbano entre outros ; 2º – apresentação de diagnósticos, trabalhos e contextos estratégicos da sociedade civil e órgãos públicos aliados, em defesa dos direitos e da vida dos povos Kaiowá e Guarani, onde a Pastoral Carcerária se fez presente.
Com o lema: “Estive preso e vieste me visitar” (Mt 25, 36), a Pastoral Carcerária do Regional Oeste 1, sob a sigla PCr MS, pastoral social ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), age junto às pessoas privadas de liberdade, sobreviventes (egressa/os) e suas famílias buscando ser a presença de Cristo e de sua Igreja no mundo dos cárceres, caracterizado pela superlotação, condições insalubres e tortura sofrida pelas pessoas privadas de liberdade.
No trabalho de atendimento religioso às pessoas encarceradas os/as agentes da PCr promovem um serviço de escuta e acolhimento, anunciam a Boa Nova, contribuem para o processo de iniciação à vida cristã e para a vivência dos sacramentos, e atuam no enfrentamento às violações de direitos humanos e da dignidade humana que ocorrem dentro do cárcere, pois “todo processo evangelizador envolve a promoção humana” (Doc. Aparecida, p.399).
A Coordenadora da PCr MS para Questão da Mulher Encarcerada, sra. Rosilda Ribeiro Rodrigues Salomão, participou deste importante evento trazendo presente a realidade da população indígena encarcerada no MS, lembrando que “somos parentes” pois somos irmãs e irmãos, em Cristo Jesus, por isso temos que cuidar uns dos outros.
O encarceramento dos povos originários no MS, prossegue, “é uma violência, aliás, encarcerar de um modo geral é um crime planejado pois mata sonhos, promove a separação abrupta de familiares e confina pessoas sem os devidos cuidados civilizatórios. As pessoas indígenas encarceradas no MS, segundo o site da AGEPEN, em abril/2023, eram de 413 indígenas, entre homens e mulheres, estando a maioria encarcerada, na Penitenciária Estadual de Dourados – PED, 127 – que tem seus direitos violados quando não tem intérprete, não tem alimentação, saúde, educação, espiritualidade, conforme seus hábitos nas aldeias”, e alerta: “o MS é o estado que mais encarcera indígenas no mundo”.
No evento estiveram também presentes o Secretário Executivo da CNBB, Pe. André Márcio Nogueira de Souza; Marta Vanusa Gomes da Silva, da Pastoral do Menor MS; Amélia Hakmi Romano Cebi MS; Edmilson Schinello; Cebi MS/UCDB; Edivaldo Bispo CRJP MS, entre outros comprometidos com a dignidade da pessoa humana. Houve entrega de relatórios pelas entidades e órgãos presentes.