Assistente social realiza estudo sobre motivações do encarceramento feminino

 Em Mulher Encarcerada

Camila Mulher Cadeia Publica (1)“Tem dia que a gente chora, tem dia que sorri, e assim vai tirando devargazinho”. Esse é o título de um artigo que sintetiza um estudo realizado com cinco presas na Cadeia Pública de Iguatu (CE) por Camila Machado Pinheiro, agente da Pastoral Carcerária local desde 2015, graduada em serviço social e em gestão em saúde pública.
No artigo, a autora apresenta uma discussão sobre a construção do feminino ao longo da história, trata sobre a criminalidade e analisa o encarceramento feminino.
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“A pesquisa se torna relevante, pois concluímos que há uma necessidade urgente do tratamento igualitário no sistema prisional, respeitando as diversidades no cumprimento da pena privativa de liberdade, inclusive as peculiaridades do encarceramento feminino. O encarceramento feminino tem suas particularidades específicas, onde é preciso acrescentar o debate desta temática na elaboração de políticas públicas e política penitenciária”, afirma.
Segundo Camila, culturalmente graça e doçura são atributos da mulher, “desse modo, torna-se então inaceitável, incompatíveis a criminalidade e a feminilidade, ou seja, a mulher criminosa estaria de certa forma renunciando à sua condição de mulher. Contrariamente, ao homem espera-se agressividade e afirmação”.
Ela lembra que a entrada na criminalidade foi o único caminho encontrado pelas presas entrevistadas para garantir a própria sobrevivência e da família. Camila detalhou o caso de três encarceradas que foram para a criminalidade para desempenhar funções subalternas: uma pegava a droga para vender, outra fazia pacotinhos em casa e entregava para a venda e uma terceira guardava em sua residência a droga para os narcotraficantes.
“[…] É difícil, eu vendia sozinha, meu marido tava preso na época, quando eu me envolvi. As coisas para mulher no mundo do tráfico é [sic] mais perigoso, onde há droga existe muita inveja, é uns matando os outros para tomar aquele espaço. Eu já pegava feita, as meninas faziam os pacotinhos e eu pegava pra vender, só para ter o dinheiro pra comprar a merenda dos meu filhos, pra não deixar faltar as coisas pros meus filhos. Eu lutava com pouca droga, vinham me oferecer e eu vendia”, relatou uma das presas à pesquisadora.
Nesse sentido, na avaliação de Camila Machado Pinheiro, o elemento chave para a entrada e permanência na criminalidade é a necessidade financeira.
“Diante de todos os elementos aqui colocados, podemos considerar que as mulheres fazem parte de uma conjuntura que já têm em si uma diferenciação negativa, fruto do reflexo da posição que é designada a elas por uma sociedade machista e patriarcal, que instituiu ao homem o espaço público com o papel de dominação e provedor da família e às mulheres o restrito espaço privado de submissão, representado pelas lides diárias com a família e o lar. Essa situação se estende à prisão, onde encontramos a desigualdade, desvalorização e exclusão”, comenta na conclusão do artigo.
 
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