O Relativismo Sociocultural, Religioso, a Justiça Social e Restaurativa

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É impressionante, mas o clima que permeia nossa sociedade continua sendo muito carregado, tenso respirando um sopro vingativo e punitivista de uma justiça de vingança que atinge até as esferas institucionais num turbilhão que não tem nem arte e nem parte e que a todos arrasta num ciclone cujas consequências catastróficas parecem não terem fim.

Papa Francisco na Laudato Si fala claramente sobre uma crise socioambiental: “Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza”. Instaurando a Justiça restaurativa em todas as situações.

Alerta-nos também sobre a cultura do relativismo com a omnipresença do paradigma tecnocrático e a adoração do poder humano sem limites e diz-nos:

“Quando o ser humano se coloca no centro, acaba por dar prioridade absoluta aos seus interesses contingentes, e tudo o mais se torna relativo. Por isso, não deveria surpreender que, juntamente com a omnipresença do paradigma tecnocrático e a adoração do poder humano sem limites, se desenvolva nos indivíduos este relativismo no qual tudo o que não serve os próprios interesses imediatos se torna irrelevante”. E continua:
– A cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra e a tratá-la como mero objeto, obrigando-a a trabalhos forçados, ou reduzindo-a à escravidão por causa duma dívida, sem possibilidades de expressarem suas necessidades.

Faceta concreta desta cultura é o encarceramento em massa que, alimenta as masmorras de um sistema punitivista, torturante e violento onde a lógica mercantilista e relativista de uma economia de rapina e sem ética alguma, onde o grupo dos seletos, continua aumentando seus privilégios e lucros espezinhando e passando sobre os cadáveres humanos, como acontece na Ucraína e na Faixa de Gaza onde, o genocídio tem o aval da própria opinião pública que, passivamente assiste sarcasticamente e sem grandes manifestações ao crescimento do ódio e desespero cada dia maiores. Um drama humano transformado em evento midiático.
No Brasil assistimos e aplaudimos respostas violentas quando a resposta é contrária ao que pensamos, matar, encarcerar, punir e vingar-se é o que se entende por “fazer justiça”.
O que dá agonia em tudo isso, são os discursos vazios que alimentam o palco das instituições nestes dias em diversos eventos nos quais o palavreado, até cativante, mas pouco atuante, continua não dando respostas verdadeiras e eficazes para a gente cujos dramas cotidianos se confrontam com a violência e com o desafio de encontrar um sentido que permita hoje sobreviver e sonhar um amanhã melhor.

A Justiça Restaurativa pode ser compreendida como a busca de soluções e respostas a estas necessidades, se apresenta com métodos, técnicas e atividades próprias, que visam a conscientização sobre fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, por meio do quais, se busca solucionar, atendendo aos anseios, através da escuta possibilitar para as partes envolvidas superar os traumas e restabelecer laços de amizade social.

Mas para que isso aconteça, alerta-nos Francisco: – É preciso coragem para caminhar, para ir mais longe. É uma questão de amor. E é preciso coragem para amar. Hoje a dificuldade é transmitir paixão a quem já há muito tempo a perdeu. E conclui: – a verdadeira diferença é entre «apaixonados» e «rotineiros». Esta é a diferença. Só quem ama, pode caminhar-.

Oxalá aprendamos a lição para superar o relativismo, o autoritarismo, o fundamentalismo, patologias que tem uma única resposta: o amor que é antidoto à violência sócio estrutural.

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