Pensar em Justiça Restaurativa vai muito além de “administrar conflitos”. Esse método/estilo de vida é hoje uma alternativa que vai de encontro ao punitivismo e nos faz refletir sobre a atual forma em que se encontra as penitenciárias e suas diversas formas de punir a pessoa em situação de privação de liberdade.
Há relatos suficientes de que, ao contrário do que oferta o sistema penitenciário, a Justiça Restaurativa tem como potencial transformador promover maior possibilidade de trazer o encarcerado (a) de volta a uma vida com dignidade e cheia de esperança.
A Pastoral Carcerária, juntamente com os seus agentes de pastoral, vivencia histórias de superação, reconciliação, autoperdão e reconstrução de uma autoestima interior que só vem gerando bons frutos.
Cada agente que se dispõe a abraçar a missão e partilhar a vida com os mais necessitados nos cárceres traz novamente a voz aos excluídos e silenciados do sistema. Humanizar as situações e relembrar o privado de liberdade de que os danos envolvem “pessoas” é dar a ele (a) uma nova chance de reparação fora da lógica da cadeia.
Testemunhos de Vida
Qualquer pessoa carrega consigo uma criança ferida que precisa ser visitada e acolhida com atenção, formação e carinho. Prova maior disso pode ser exemplificada pelo testemunho de Kric Cruz, ex-preso e atualmente MC do grupo de rap “Comunidade Carcerária”.
Apesar do cárcere, o rapper e ator escolheu seguir os seus sonhos e desenvolver os seus dons, após cumprir pena no sistema. Na primeira oportunidade ingressou na faculdade de arte cênicas e descobriu habilidades com criação de roteiros e direção.
Antes de iniciar a formação profissional artística ele já desenvolvia trabalhos dentro do cárcere e continuou fazendo mesmo depois de sair do sistema. “Em 1996 eu comecei com o estudo a fazer um trabalho melhor na cultura dentro do pavilhão”, ressalta Krick.
Através da arte o seu objetivo era fazer crescer as raízes entre a juventude dentro de um dos maiores presídios da América Latina. O rap foi sua porta de entrada no mundo artístico, mas não se limitou a música e colocou-se a caminho de novas experiências.
No mesmo período em que fundou o grupo de rap “Comunidade Carcerária”, Krick também teve contato com os métodos de Justiça Restaurativa e relata suas impressões sobre o modelo alternativo proposto pela Pastoral Carcerária.
Texto: Maria Ritha Ferreira da Paixão