A Pastoral Carcerária Nacional, diante do quadro pandêmico que assola todo o país e afeta diretamente os mais vulneráveis, se torna presença solidária, com todas as famílias, lideres/coordenadores e agentes de pastoral em todas as regiões de nosso Brasil, que perderam seus companheiros e companheiras de caminhada. Rezamos e acompanhamos a dor de seus familiares e amigos de missão e vida.
A Pastoral sofreu e sofre com a perda e com todos/as que são acometidos com essa pandemia de forma direta ou indireta. Como ato de Fé, comungou com o luto dos familiares e agentes de pastoral nas perdas de vidas e com o testemunho vivo de agentes.
Na semana de calvário, prisão e crucificação se repetem, com cada pessoa presa pelo Estado, que não reconhece outra forma de resposta aos conflitos, sejam de ordem social, humana ou existencial que não o encarceramento. Olhando para a realidade da pessoa privada de liberdade vimos as vielas de Belém; sendo invadidas por polícias cada vez mais militarizadas, violentas e sedentas de vingança, e estes alvos são os mais vulneráveis desde sua concepção, quando as políticas Públicas não atendem suas necessidades básicas.
Vimos mulheres, as “Marias” presas ou massacradas por verem seus filhos condenados , “ MARIA “ que atrás das grades frias da punição são caladas pela invisibilidade, irmãos e irmãs LGBTTTIS, que além da cruz da condenação, as lágrimas escorrem em seus rostos pelos preconceitos sofridos. O que aconteceu na primeira Sexta-Feira Santa da história foi preparado e articulado na véspera – Jesus na Última Ceia com seus 12 seguidores – pela última vez estaria á mesa com eles, e junto de Jesus escutavam suas palavras orientadoras de amor, que emergia de suas entranhas. Pouco depois de juntos cearem, seguiram-se com traições e encarceramento.
Assim aconteceu e acontece quando abordados e presos, acusados e muitas das vezes inocentes, são trancafiados sem o devido contraditório e ampla defesa. Celebrar a Páscoa, passagem é fazer memória no presente, encarnando na vida os princípios e valores ensinados e experimentados pelo próprio Cristo. Onde estão os calvários, mas também as ressurreições de nossa época e de nossa sociedade.
A Justiça Restaurativa quer entrar neste mundo, como um grande sinal de ressurreição do velho sistema e condenações para a nova restauração. Jesus supera a cruz do medo, do ego, da injustiça e como sinal: da morte nasce a vida plena, no mundo dos cárceres as mortes são as mais variadas e a ressurreição acontece quando todo Cristão/Cristã se compromete a partir de sua própria vida a ressurgir para a PÁSCOA CONTINUE, QUE É ENCARNAR OS VALORES DO CRISTO NO HOJE DE NOSSA HISTÓRIA, SEGUINDO AS PEGADAS DAQUELE QUE É TODO BEM.