Em visita ao Rio Grande do Sul, no começo de outubro, a Irmã Petra Silvia Pfaller, coordenadora nacional da Pastoral Carcerária para a Questão da Mulher Presa, participou do programa Razões da Fé, em 11 de outubro, transmitido pela Rede Sul de Rádio para 13 emissoras daquele estado e também pela webrádio Migrantes.
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Com apresentação do Frei João Carlos Romanini, o programa teve como tema “Estive preso e vieste me visitar”, destacando os trabalhos e posicionamentos públicos da Pastoral Carcerária. Além da Irmã Petra, Fernando Marka, vice-coordenador da PCr do Rio Grande do Sul, participou do programa. Ambos explicaram a estruturação dos trabalhos da Pastoral no Brasil e no estado e trataram de temas referentes ao sistema carcerário no País.
Irmã Petra, citando a Bíblia, lembrou que é uma obrigação para cada cristão visitar as pessoas que estão nas prisões. Segundo ela, trata-se de uma experiência de encontro com Deus atrás das grades e que não traz riscos. “As pessoas me perguntam: ‘Irmã, você não tem medo?’ Não! Visitando presídios nesses anos, nunca fui desrespeitada. Na rua ,já fui, mas dentro de um presídio nunca. A gente vai ao presídio para encontrar uma pessoa. Não é para encontrar o assassino, o assaltante, o estuprador. Vai para encontrar a pessoa, o filho de Deus que está lá”, testemunhou Irmã Petra, estimulando que outras pessoas visitem as prisões.
Segundo a religiosa, há no Brasil uma dinâmica de encarceramento em massa ineficaz. “É o terceiro país do mundo que mais encarcera. E a violência vai aumentando, aumentando, mesmo com essa massa carcerária atrás das grades, ou seja, a prisão não resolve a violência”, enfatizou. “A tendência do sistema criminal é aumentar as penas, agravar, podendo chegar até à pena de morte, o que, para mim, é uma justiça de vingança, não uma justiça que traz a paz. É uma justiça vingativa. E a mídia, infelizmente, ajuda bastante nessa dinâmica de criminalizar as pessoas, especialmente os mais pobres”, lamentou.
Irmã Petra e Fernando detalharam, com exemplos concretos, a eficácia da Justiça Restaurativa, uma proposta ao atual modelo de justiça punitiva. “A justiça restaurativa acolhe a dor da vítima, a raiva da vítima, pois isso faz parte do ser humano, e também pergunta ao agressor quais são as razões dessa violência? Por que ele entrou no mundo do crime? O que houve na vida dele? Isso, o juiz não pergunta, o promotor não pergunta”, disse a Irmã.
Durante a entrevista, Irmã Petra ressaltou que a vida na prisão é sempre mais difícil para as mulheres. “O sistema prisional foi feito por homens e para homens. Raramente existe um presídio feminino que respeite as condições das mulheres e de seus filhos, muitos deles recém-nascidos. A maioria das mulheres está em presídios reformados ou presídios velhos”, comentou, destacando, ainda, que mulheres e homens presos têm grande necessidade de itens de higiene, bem como de atenção fraterna de familiares e da sociedade.
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