Primeiro encontro da Pastoral Carcerária Internacional debate sofrimento nas prisões e desencarceramento

 Em Igreja em Saída, Notícias

Após a conclusão do sínodo para a Amazônia no começo de novembro realizou-se em Roma na sede do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral o primeiro encontro da Pastoral Carcerária Internacional, o qual participaram cerca de quarenta pessoas representando todos os continentes.

O tema do encontro foi: DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL e PASTORAL CARCERÁRIA CATÓLICA.

Participaram também do encontro os membros da Diretória da “Comissão Internacional de Pastoral da Prisão Católica” – ICCPP, organismo reconhecido junto a Santa Sé. Pelo Brasil participou o Padre Gianfranco Graziola, membro da Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária.

Em sua introdução e saudação, o Cardeal Peter K.A. Turkson explicou como o Dicastério expressa a preocupação de Papa Francisco com a humanidade sofredora, incluindo os necessitados, os doentes e os excluídos, e segue com o devido cuidado as questões relativas às necessidades daqueles que são forçados a deixar sua terra natal, os marginalizados, vítimas de conflitos armados e desastres naturais, prisioneiros, desempregados e vítimas de formas contemporâneas de escravidão e tortura e outras pessoas cuja dignidade está em risco.

A razão da convocação deste encontro deve-se ao fato que em muitas igrejas locais as pastorais sociais não recebem a devida atenção e recursos.

Existe uma grande diversidade de situações e desafios que esta pastoral tem diante dela, entre os quais muitas vezes se entende a atenção espiritual e material dos encarcerados e encarceradas, de suas famílias e daqueles que já cumpriram sua sentença e retornaram em liberdade, bem como os processos de reconciliação com as vítimas de crime.

Apesar disso, hoje a maioria das Conferências Episcopais já inclui a pastoral carcerária entre os compromissos das pastorais sociais e, em alguns casos, constituem a comissão episcopal específica.

Ao longo destes últimos anos diversos organismos eclesiais ligados a esse serviço pastoral pediram ao Dicastério maior atenção com a questão e apoio para uma orientação mais clara em relação a esta pastoral devido às dificuldades experimentadas no dia a dia, particularmente no descaso de algumas comunidades diocesanas em relação a estes irmãos e suas necessidades humanas e espirituais.

Esta foi também uma oportunidade de encontro entre os diversos coordenadores e atores de pastoral carcerária, recíproco conhecimento, entre eles e o próprio dicastério com a finalidade de criar uma rede.

Além disso, o momento foi de muita partilha para um mútuo conhecimento das realidades e geografias onde operamos muito diferentes em seus conceitos e ação.

Importante foi a contribuição dos países de América Latina que trouxeram a diferença de outros continentes o tema de um «MUNDO SEM CÁRCERES», com as questões a ele ligadas, como a Agenda pelo Desencarceramento, a questão premente da mulher encarcerada e seu vertiginoso aumento deste último decênio, além do questionamento da justiça com o tema da “Justiça Restaurativa” apresentadas pelo Padre Gianfranco.

À conclusão das atividades não podia faltar o encontro com Papa Francisco, que quis e pediu para encontrar os participantes do evento. Em sua mensagem ele disse:

«Como já apontei em outras ocasiões, a situação prisional continua sendo um reflexo de nossa realidade social e uma consequência de nosso egoísmo e indiferença sintetizados em uma cultura do descarte. Muitas vezes a sociedade, por meio de decisões legalistas e desumanas, justificada por uma suposta busca de bem e segurança, busca no isolamento e na detenção daqueles que agem contra as normas sociais, a solução definitiva para os problemas da vida comunitária. Isso justifica o fato de que grandes quantidades de recursos públicos são alocados para reprimir os infratores, em vez de realmente procurar promover o desenvolvimento integral das pessoas, reduzindo as circunstâncias que favorecem a execução de ações ilícitas».

E a margem do texto ele deu como presente duas imagens:

«Gostaria de concluir com duas imagens, duas imagens que podem ajudar. Não se pode falar de quitação de dívida com a sociedade num cárcere sem janela.  Não há dor humana sem horizonte. Ninguém pode mudar a vida a menos que veja um horizonte. E muitas vezes estamos acostumados a cegar os olhos de nossos encarcerados e encarceradas».  

«Levem esta imagem das janelas e do horizonte com você e certifique-se de que em seus países as prisões sempre tenham janelas e horizonte, até uma sentença de prisão perpétua, que para mim é questionável, até uma sentença de prisão perpétua deve ter um horizonte». 

Ao Papa Francisco, P. Gianfranco entregou uma carta de uma encarcerada da Penitenciária de Santana (SP) e vários materiais produzido pela Pastoral Carcerária Nacional, colocando em destaque a cartilha para agentes que visitam e trabalham com mulheres “Maria e as marias nos cárceres”

Pe. Gianfranco Graziola, Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária. 

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