Os depoimentos foram coletados por agentes da Pastoral Carcerária em outubro de 2012 junto a mulheres que, ainda de noite, já estavam na fila da visita em duas unidades prisionais em Minas Gerais. Antes, porém, de se encontrarem com seus familiares presos, o que aconteceria somente na manhã do outro dia, teriam que passar pela revista, com procedimentos que atentam à dignidade humana.
Uma das mulheres resumiu como é feito o procedimento. “Mandam abrir as pernas, abrir o ânus, abrir os cabelos, abaixar por três vezes de frente, três vezes de trás; há uma lanterna para ver o canal. Grávidas, idosas, crianças, todas têm que tirar a roupa”, garantiu.
Todas mesmo, e em todas as circunstâncias, como descreveu uma agente da PCr. “Quando estão menstruadas, sujam o chão de sangue e elas mesmas têm que limpar, sujam as macas também. Uma delas nos disse que para não se sujar, coloca a sua blusa sobre a maca e se deita em cima”.
Nem sempre a sala de revista está devidamente higienizada, como descreve outra agente da PCr, a respeito do expediente de revista vexatória em um dos presídios. “Há o banquinho para detectar metais, mas as mulheres têm que sentar somente de calcinha ou nuas e este banquinho não é limpo entre uma mulher e outra”.
Algumas das mulheres lembraram que, por conta da revista, evitam levar os filhos para as visitas. “Muitas relatam que não levam os filhos para não os exporem a esta situação. Os bebês têm que tirar fralda e crianças a roupa, mas não são tocados”, comenta outra agente da Pastoral.
Quando as mulheres têm filhos ou netos presos precisam “escolher” entre a saudade e a revista vexatória. “Uma senhora disse que na sua idade, nem as filhas a veem pelada, mas na penitenciária estranhas [as funcionárias] podem ver todo o seu corpo. Outra mulher reclamou que além de tudo o que têm de fazer, ainda precisam ouvir comentários sobre suas tatuagens, pintas, etc”, cita outra integrante da PCr.