Vozes marcadas pelo cárcere: depoimentos de familiares e egressos sobre o sistema carcerário

 Em Combate e Prevenção à Tortura, Notícias

Durante a Mobilização Nacional Contra os Massacres e Por um Mundo sem Cárceres, a Pastoral Carcerária colheu uma série de depoimentos de familiares e egressos do sistema carcerário, que mostram uma pequena fração da dificuldade que familiares enfrentam ao ter uma pessoa na prisão, e egressos tem ao cumprir sua pena.  Confira abaixo alguns depoimentos:

“Eu trabalho, mas meu patrão não pode sonhar que sou mulher de alguém que está preso. Tenho um filho que preciso sustentar. Não levo meu filho para visitá-lo por causa da revista. Melhorou com o scanner, mas não quero que ele passe por isso. Já sonhei com a mulher que me revistava me olhando com aquela cara de maldade. Eles não se importam com a gente. Não tenho condições de pagar advogado, senão ele estaria livre. Cada viagem para o presidio custa 400 reais, porque preciso preparar o jumbo para ele. Só vou uma vez por mês por causa disso. A prisão é um lugar sujo, com comida ruim. Não recupera ninguém. Quem recupera somos nós, a família, dando apoio”. (Familiar de pessoa presa)

“Ter um filho preso é muito sofrido, tanto pelo custo do transporte, alimentação e advogados que temos de pagar para ajudá-los, como pelo que eles sofrem dentro da cadeia”. (Familiar de pessoa presa)
“Fiquei presa por 10 anos, seis deles sem uma sentença. Depois de quatro audiências durante o tempo em que estava presa, minha sentença saiu, e fiquei mais quatro anos presa. Não sei mais o que fazer para recomeçar. Como fiquei muito tempo presa, meus documentos não valem mais”, conta uma egressa. (Egressa)
“Meu filho está preso e não é nada fácil. Estou passando por psiquiatra, tomando antidepressivos”. (Familiar de pessoa presa)
“Você pode ficar preso um dia ou dez anos. Aqui fora, a discriminação é a mesma. A gente é julgado dia após dia, pela família, por conhecidos ou ao procurar um trabalho”. (Egresso)
“Meu filho tem suspeita de câncer, quando ele estava em liberdade fazia acompanhamento no médico. Pedimos um exame para diagnosticar e, se ele tiver câncer, precisa fazer quimioterapia. O juiz negou o pedido de exame, e agora não sabemos o que fazer. Além disso, ele quebrou o fêmur dentro da prisão, e não há qualquer atendimento para ajudá-lo”. (Familiar de pessoa presa)
“Prisão não é ressocialização, é opressão. Uma pessoa aí dentro, longe de tudo e oprimida só vai ter sentimentos ruins, como ela vai sair boa?” (Familiar de pessoa presa)
“Não tem atendimento de saúde dentro da prisão. A gente traz o remédio e eles se automedicam. Não tem um médico para controlar. E a gente só pode mandar remédios na primeira quarta-feira de todo mês”. (Familiar de pessoa presa)
 
 

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