A morte de 33 presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em 6 de janeiro, foi “uma tragédia anunciada”, enfatizou o Padre Gianfranco Graziola, vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária em entrevistas nas últimas semanas. Por 15 anos, ele visitou regularmente os presídios do estado.
O sistema prisional do Estado de Roraima tem atualmente 942 vagas presas além da capacidade nos 17 presídios do estado e em delegacias, que abrigam 2.144 pessoas, ante 1.202 vagas. A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo abriga a maioria dos detentos, há 1.398 detentos, mas a capacidade é de apenas 750. Dois em cada três presos são provisórios.
Conforme disse o Padre Gianfranco à revista Carta Capital, o massacre começou em outubro e ainda não terminou, ao lembrar do assassinato de 10 presos ocorridos naquele mês.
Graziola relata que a prisão não possuía segurança suficiente. “É um presídio destruído, onde foi feito um grande número de muros de contenção para evitar fugas. Foram feitas alas novas, mas colocadas muito próximas, o que incentiva a questão da superlotação e da insalubridade”, afirmou à revista.
O Padre Gianfranco diz ainda que nos últimos dois anos houve a entrada de 300 agentes penitenciários que não estavam preparados para o serviço e requisitavam armas para ter maior segurança. “Eles tiveram um treinamento sumário”.
Ao jornal O Globo, o Padre também falou da superlotação e dos problemas na segurança da penitenciária agrícola. “Com certeza uma tragédia anunciada porque houve a destruição completa do presídio, que é antigo, não tem condições de segurança. É bastante lotado e frágil”.
Graziola diz que o problema das facções é um fenômeno recente no estado. “Roraima até uns anos atrás não tinha essa questão das facções. Só que quando alguns presos considerados perigosos foram mandados para o presídio de Campo Grande voltaram os senhores do pedaço.
É um cenário bastante complexo que se está criando num estado pequeno”, afirma. O vice-coordenador da Pastoral Carcerária Nacional também faz críticas aos governos federal e estaduais de forma geral e diz que a construção de presídios não é a solução para resolver a crise no sistema penitenciário no país. “É um problema que se resolve com políticas públicas sérias que nem governo federal e estaduais estão querendo neste momento. O culpado é o Estado com suas incapacidades de intervir e ter propostas diferentes daquelas punitivas.
Fontes: O Globo e Carta Capital