Marcelo Naves: pessoas presas quase nunca tiveram acesso a direitos mais básicos

 Em Combate e Prevenção à Tortura, Notícias

Interna_superior_Marcelo_Naves“As pessoas presas são as mesmas pessoas excluídas, marginalizadas e alijadas dos direitos sociais. Quase todas são pobres, provenientes das periferias e com baixíssima escolaridade, ou seja, aquelas que nunca acessaram os direitos mais básicos devido ao nosso modelo econômico que privilegia altos lucros para alguns poucos. Do total de pessoas presas, a maioria são jovens, quase sempre negras. Não é difícil de perceber que a história racista e escravocrata se estende em nosso País”.
A afirmação é de Marcelo Naves, vice-coordenador da Pastoral Carcerária na Arquidiocese de São Paulo, em reportagem publicada pela jornalista Tatielle Oliveira na revista Boletim Brasileiro, da Sociedade de São Vicente de Paulo (Vicentinos).
Marcelo destacou que a realidade dos cárceres reflete a exclusão social no País, uma situação mais evidente quando se analisa os casos de reincidência ao crime.
“Isso não é determinado por escolhas ou posturas individuais. A prisão marca e estigmatiza e o conjunto da sociedade rejeita, agride e massacra os rotulados como ‘ex-presidiários’. Não nos esqueçamos: a quase totalidade das pessoas presas é a mesma população que nunca teve acesso aos direitos e que sempre sofreu com a omissão do Estado. Como tem alertado do Papa Francisco, é imperativa a mudança das estruturas sociais, econômicas e ambientais”, afirmou.
Marcelo também falou sobre a importância da visita às pessoas encarceradas. “Muitas ficam abandonadas e na maioria dos presídios não há nenhuma atividade para se fazer. As visitas sempre devem ser acolhedoras e anunciadoras de que o perdão e a reconciliação são caminhos centrais para a reconstrução das histórias de vida”.
O patrono dos Vicentinos, São Vicente de Paulo (1581-1660) defendia o cuidado com os presos. Quando assumiu, em 1621, a função de capelão das galés, que eram construídas por presos condenados a trabalhar como remadores nas embarcações de guerra e de comércio no reino da França, o Santo proporcionou um tratamento mais humano aos presos, articulando para que tivessem assistência jurídica, vestimentas adequadas ao trabalho, melhor alimentação, assistência de saúde e até um sistema para que trocassem cartas, informações e dinheiro com as famílias.
 
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