A busca de um mundo sem cárceres é o foco dos trabalhos da Pastoral Carcerária Nacional. Recorrentemente, fatos que se tornam públicos mostram que, de fato, o encarceramento não é a forma ideal de ressocialização.
Em 29 de outubro, o Jornal do SBT apresentou um vídeo inédito, gravado em 2008, que mostra a ação violenta do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), em uma penitenciária de segurança máxima na cidade de Presidente Venceslau, a 611 quilômetros de São Paulo.
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No vídeo, é possível ver um dos agentes jogando gás lacrimogêneo pela fresta da janela de uma cela por onde detentos iniciaram uma rebelião. Quando o local é aberto, colchões dificultam a passagem dos agentes, que provocam um incêndio ao lançar uma bomba de efeito moral.
Um extintor de pó químico é usado, mas provoca pouco efeito. O fogo é controlado, quase três minutos após o início, com o auxílio de uma mangueira.
Com a entrada da cela liberada, os presos começam a sair e passam a ser agredidos e ameaçados pelos agentes penitenciários com frases como “você vai morrer”. Algemados, os detentos são arrastados.
Segundo o Sindicato de Agentes Penitenciários de São Paulo, o vídeo foi feito pelo GIR, em 2008. As imagens eram mantidas em sigilo. “O vazamento desses vídeos não é bom, porque revela a maneira do trabalho do GIR, é uma forma interna”, disse Daniel Grandolfo, presidente do Sindicato.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública, em nota enviada ao SBT, disse que instaurou uma sindicância para apurar os fatos e que, se for comprovada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos.
Pastoral Carcerária: por um mundo sem prisões
A Pastoral Carcerária atua tendo como objetivo geral a “evangelização e promoção da dignidade humana por meio da presença da Igreja nos cárceres através das equipes de pastoral na busca de um mundo sem cárceres!”.
“A pessoa presa, além de estar em um local limitado pelas paredes, vive cercada de pessoas que encarnam o pode de impor-lhe maior número de limites […] ali se vive num local de tratamento de choque permanente: humilhação, subordinação, controle, intimidação, pressão, limitações e desconstrução da cidadania” (Manual Agentes da Pastoral Carcerária – Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, página 3).
“No sistema prisional atual, a pessoa presa está subordinada a todos os funcionários que atuam nas unidades prisionais. A pessoa presa é obrigada a se aniquilar em sua condição humana em nome da obediência […] O efeito do encarceramento leva à desorganização da personalidade humana, à deformação do caráter, à degradação do comportamento e ao abandono dos padrões de conduta da vida extramuros” (trechos do já referido manual, página 22).