Pelas ruas do centro de São Paulo, em 2 de outubro, centenas de pessoas atenderam ao convite da Rede 2 de Outubro, da Casa Mafalda, do Coletivo Desentorpecendo a Razão, do Movimento Passe Livre SP, do Projeto Comboio, da Pastoral Carcerária, do Coletivo de Galochas, do Grupo Teatral Parlendas e do Coletivo Mopat, e participaram do Ato em memória pelos 23 anos do Massacre do Carandiru.
“Neste 2 de outubro, completam-se 23 anos do Massacre do Carandiru. Após uma rebelião no pavilhão 9 da penitenciária originada de uma briga entre alguns presos, cerca de 300 policiais militares invadiram a casa de detenção do presídio e exterminaram (no mínimo) 111 homens desarmados e rendidos. O Massacre do Carandiru não é de um caso isolado. A chacina faz parte da política prisional brasileira, a mesma que submete os detentos a condições de vida degradantes e assédio constante dos agentes prisionais, tanto em seus presídios adultos quanto nas Fundações Casa”, apontou a carta convocatória para o ato.
Com uma grande faixa com os dizeres “Nem redução, nem Fundação, por uma vida sem grades”, os participantes ganharam as ruas do centro, a partir do largo São Francisco, e fizeram diferentes intervenções. Em uma delas, sob um faixa “Nossos mortos têm voz”, velas foram acessas junto a fotos de pessoas vitimadas pela violência.
Em outra intervenção, todos os participantes disseram juntos que seguem a resistir à violência institucionalizada pelo Estado. “Se eles formalizam a barbárie, nós internacionalizamos a resistência”.
Também se recordou que após o ocorrido na Casa de Detenção do Carandiru, em 1992, outros episódios de violência se seguiram, como o da Candelária, em 93; da Baixada Fluminense, em 2005, os crimes de maio, em 2006; os do Complexo do Alemão, em 2007; os do Morro da Providência, em 2008; a Chacina da Maré, em 2013; e em 2015 as chacinas na quadra da Pavilhão 9 e nas cidades de Osasco e Barueri.
“O número de chacinas feitas pelo Estado, que diz que é democrático, que diz que respeita nosso direito de viver, cresce cada dia mais”, enfatizaram os participantes.
Também se alertou para a violação dos direitos mais básicos dos encarcerados, que, em sua enorme maioria, sempre estiveram à margem do processo civilizatório brasileiro: são os jovens, os pretos, os pobres e periféricos. “Nas quebradas de onde saem nossos presos falta saneamento, falta creche, falta ensino e postos de saúde de qualidade. Esse mesmo Direito Penal que responde com violência aos marginalizados, no entanto, conserva intactos sujeitos como Fleury e Pedro Campos, os mandantes do Massacre do Carandiru”, consta em um dos trechos da carta de convocação para o ato.
Temas como a superlotação carcerária no Brasil, a intensificação da justiça punitiva, a redução da maioridade penal e o aumento do tempo máximo de internação nas Fundações Casa foram lembrando ao longo do ato.
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