Pastoral Carcerária realiza o 1º Encontro sobre mulheres e população LGBTQIA+ encarceradas no Espírito Santo.

 Em Combate e Prevenção à Tortura, Igreja em Saída, Mulher Encarcerada, Notícias

No último sábado, dia 16 de agosto de 2025, a Pastoral Carcerária do Espírito Santo (Regional Leste 3 da CNBB) realizou, em Vitória, o primeiro Encontro Estadual sobre mulheres e população LGBTQIA+ encarceradas. Contamos com a presença de pessoas das dioceses de Cachoeiro, Colatina, São Mateus e Arquidiocese de Vitória, como também membros da Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária.

O encontro foi potente e trouxe luz sobre a realidade da população de mulheres e LGBTQUIA+encarceradas que é marcada, muitas vezes, por abandono e invisibilidade. Na mesa do evento uma ornamentação carregada de simbolismo, solidariedade, compromisso e fé: objetos, cartilhas, cartazes e banners rodeavam a mesa coberta pelas bandeiras LGBT, da Pastoral Carcerária, da população trans e da Palestina.

Nely Varanda, integrante da coordenação arquidiocesana, conduziu a abertura dos trabalhos. O encontro teve início com a apresentação de Isadora de Sá, artista, mulher, jovem e trans, filha de uma agente pastoral, que abriu os trabalhos com uma belíssima apresentação de música e poesias com dados que denunciam massacre, preconceitos e todo tipo de violência direcionado a população lgbt, diariamente, no cárcere e fora dele.

Após a emocionante abertura de Isadora, o Arcebispo Dom Ângelo saudou e acolheu as pessoas, compartilhando seu compromisso e ação também para com essa luta e lembrando Papa Francisco, e seu compromisso com o ano Jubilar, lembrando a abertura da Porta da Santa de um presídio em Roma, gesto feito pelo pontífice em sinal do compromisso com o evangelho e da igreja.

Irmã Amélzia, agente da Pastoral coordenou a mesa de saudações que foi composta por Irmã Petra, coordenadora nacional da Pastoral Carcerária que destacou o sonho e objetivo de um projeto de Deus: o mundo sem Cárcere e Kamila Moura, integrante da coordenação da Pastoral Carcerária do Espírito Santo que também fez sua saudação e homenageou os precursores da Pastoral, por seus legados, citando Isabel Borges, seu Francisco, Maristela, Gilmar e Padre Vitor.

Terminada as saudações, teve início a mesa central de diálogos nomeada:  “Mulheres e LGBT’s em prisão, há compromisso para o esperançar?” composta por: Fatinha Castelan – GINTER (Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional e Coordenadora Estadual da PCr de ES) / Joyce Mazzoco – Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do ES / Galdene Santos – Conselho Estadual de Direitos Humanos / Samira Cerqueira – Mecanismo de Prevenção a Tortura / Dr. Hugo – Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo / Deborah Sabará – Associação GOLD – Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade / Aline Passos – Secretária de Estado da Mulher, que discutiram dados, análises e encaminhamentos para a temática.

Durante a tarde o evento teve continuidade com a palestra proferida pela coordenadora nacional da Pastoral Carcerária para a questão da mulher encarcerada, Magda de Fátima e Oliveira que apresentou o Guia prático sobre direitos de mulheres presas. Também contribuíram neste momento a Vera Lúcia Dalzotto, Assessora Nacional pela Justiça Restaurativa que apresentou o tema “Praticas Circulares da Justiça Restaurativa” e o padre Éder missionário da Prelazia de Lábrea no Estado do Amazonas.

Em seguida, a Agente de Pastoral, Mirnna Amélia direcionou a palestra com o tema: Acolhimento da população LGBTQIA +, contando sua história de vida e trazendo aspectos legais, teóricos, culturais, teológicos e práticos provocando significados e ressignificados para todas as pessoas presentes. Logo após, Irmã Petra Silvia Pfaller, em sua exposição destacou os desafios da Pastoral Carcerária pelo desencarceramento como um projeto de Deus e o nosso compromisso com a Justiça Restaurativa. Destacou a sua preocupação com as crescentes restrições na Assistência religiosa por partes de alguns  gestores de estabelecimentos prisionais.  

O evento foi encerrado com uma missa celebrada pelo Padre Vitor César Zille Noronha. Toda a programação foi um marco para a história da Pastoral de Espirito Santo e provocou uma formação que, com certeza, deve ser contínua.

O Sonho de Deus:  por um mundo sem cárcere. E pelo fim das violências contra mulheres e LGBTQLIA+ nos cárceres e na nossa igreja.

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